Retomada da produção mantém emprego metalúrgico acima dos 2 milhões
Estudo da CNM/CUT mostra que o emprego metalúrgico registrado em janeiro de 2009 é 1,2% maior que no ano passado. Ao todo, são 2.040.045 trabalhadores empregados no setor em todo o País. Em janeiro de 2003, no início do governo Lula, os metalúrgicos eram 1.460.000
Estudo realizado pelo Dieese em parceria com a Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/ CUT) aponta o saldo de empregos positivo entre janeiro de 2008 e o mesmo mês de 2009, apesar da crise.
De janeiro a outubro de 2008 foram abertas 173182 vagas no setor e nos meses de novembro, dezembro e janeiro de 2009 foram registradas 122769 demissões. Um saldo que se mantém positivo em 50413 vagas.
Na comparação entre os meses de janeiro em 2008 e 2009, o emprego metalúrgico registrado neste ano ainda permanece 1,2% maior. Ao todo, são 2.040.045 trabalhadores empregados no setor em todo o País. Um número expressivo. Em janeiro de 2003, no início do governo Lula, os metalúrgicos eram 1.460.000.
Comparado aos níveis de emprego divulgados em dezembro de 2008, que registraram um recuo de 1,6%, o número de demissões no primeiro mês do ano foi inferior. Ao todo, foram 32.776 vagas encerradas em janeiro contra 58.158 do mês anterior e 31.835 em novembro.
Outro ponto fundamental para que os setores da indústria metalúrgica se distanciem cada vez mais da crise, é o crédito. Seja para a compra de um eletrodoméstico ou para a compra de um avião. O cenário de escassez de crédito e de crédito mais caro tem impacto direto nessa indústria mais do que em outros setores.
A indústria metalúrgica é bastante heterogênea e seus setores estão sentido o impacto da crise de forma diferenciada, seja por conta da escassez e encarecimento do crédito, da crise de confiança, da queda do valor de mercado de muitas empresas, ou ainda pela queda do preço de commodities, como o aço. As medidas para reverter esse quadro também se dão de modo diferenciado em cada setor, combinado com a retomada do crescimento econômico.
O governo federal editou medidas setoriais que estimularam a demanda de bens de consumo duráveis, garantindo a retomada da produção frente a dezembro, como no setor automotivo (veículos de passeio) e em segmentos do setor eletroeletrônico. As ações foram tomadas após reivindicações dos trabalhadores metalúrgicos que realizaram manifestações em dezembro, janeiro e fevereiro.
Medidas tais como linhas de crédito e redução do IPI garantiram uma produção de veículos de 184,8 mil em janeiro e 201,7 mil em fevereiro, frente a 96,6 mil unidades em dezembro, em um dos setores mais atingidos pela crise no Brasil. O resultado de fevereiro apresenta crescimento sobre janeiro de 2009 de 9,2%, puxado pelos veículos leves, desde a crise, é o segundo mês que o setor apresenta crescimento.
Outras medidas implementadas pelo BNDES melhoraram as condições de apoio para a aquisição de bens de capital da linha Finame e ampliou o alcance do PEC (Programa Especial de Crédito), destinado ao capital de giro. O banco passou também a financiar a compra de caminhões e ônibus usados. As medidas também incluem ampliação de prazos e extinção do limite para operações de pré-embarque.
“A CNM/CUT defende a continuidade da redução do IPI e reitera a necessidade de garantir espaços de negociação tripartites para pensar saídas para este momento e principalmente, que todas as medidas implementadas pelo governo que beneficiem setores e empresas tenham como regra a garantia de contrapartidas sociais, como por exemplo, a manutenção do emprego na cadeia automotiva”, disse o presidente da Confederação, Carlos Alberto Grana.
O setor de autopeças, seguindo a tendência das montadoras, tem recuperado a produção nesse início do ano, mas não nos patamares de antes da crise. O faturamento de janeiro de 2009 caiu 34,9% em relação a 2008.
Quanto ao emprego, desde o início da crise nesse setor, em outubro de 2008, foram demitidos 28,6 mil trabalhadores e trata-se do setor onde o impacto do emprego foi o maior. Muitas empresas do setor têm chamado de volta para o trabalho pessoas que estavam deferias coletivas, voltando a utilizar a jornada completa, e também há casos em que trabalhadores demitidos foram recontratados.
Porém, com mais um mês de saldo negativo na proporção do que se configurou de novembro para cá, o emprego voltará ao patamar do início de 2008.
Por isso, a CNM/CUT e os sindicatos metalúrgicos cutistas têm procurado negociar medidas que impeçam que os trabalhadores paguem por essa crise. Como exemplo, as negociações locais que procuram manter os empregos e o protocolo de entendimento assinado entre a CNM, a CUT e a Abimaq. (leia aqui)
“Apesar do cenário ainda ser incerto, acreditamos que esse conjunto de medidas pode garantir nossa travessia pela crise, mas novas medidas devem ser implementadas como a continuidade da redução da Taxa Selic, do ponto de vista mais amplo e também medidas setoriais, como o programa de renovação da frota de carros, caminhões e ônibus”, disse Grana.
Da CNM/ CUT