Retomada industrial e os gargalos persistentes
Uma das questões mais estratégicas para assegurar um maior crescimento econômico do país está na recuperação da atividade industrial, drasticamente reduzida nos últimos sete anos. Todavia, os gargalos estruturais e conjunturais se manifestam de forma persistente.
Estruturalmente, o país convive com altas taxas de desemprego e massa salarial restringida, o que impede a recuperação do consumo das famílias, um dos principais motores do crescimento econômico em países populosos como o Brasil. Soma-se a isso a ausência de qualquer iniciativa do atual governo no estímulo à indústria. Pelo contrário, o que se vê são cada vez mais mecanismos que ampliam a importação de bens manufaturados, elevando o saldo negativo do comércio exterior de produtos industrializados.
Conjunturalmente, dois fatores relevantes se colocam. Internamente, a escalada da inflação, que segue acima dos 10% considerando o período dos últimos 12 meses. O remédio escolhido para conter a inflação foi a velha e até o momento ineficaz solução de aumentar a taxa de juros, prejudicando ainda mais o investimento produtivo e o consumo interno.
Outro gargalo que mistura a condição estrutural de nossa indústria com a conjuntura é o desabastecimento de determinados produtos e insumos, como semicondutores e fármacos, decorrente também de decisões equivocadas no período recente. Nossa indústria ficou dependente de fornecedores estratégicos situados em outros pontos do planeta, e ampliou-se nossa fragilidade. Com a ausência de quaisquer medidas corretivas até o final desse ano, a recuperação depende claramente de uma mudança de rumo em relação à política industrial como centro das estratégias de retomada do crescimento, a partir de 2023, em um novo governo.
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