Reversão do pessimismo começa no setor siderúrgico
As altas dos preços internacionais do aço e a redução das importações e dos estoques internos do insumo estão movimentando o mercado siderúrgico brasileiro. Após as usinas começarem a anunciar retirada parcial de descontos aos distribuidores, essas empresas deram início a aumentos para seus clientes – indústrias de bens de capital, autopeças, máquinas agrícolas, eletroeletrônicos, revendas e setor de construção civil. Consumidores de aço estão indo às compras, e já se fala que as perspectivas para o setor começam a se reverter.
No ano passado, o pessimismo tomou conta do mercado em relação ao setor siderúrgico quando, por conta da entrada de volumes recordes de importação do insumo, usinas tiveram que oferecer descontos aos distribuidores. Contribuiu também a maior pressão de custos decorrente dos aumentos das principais matérias-primas utilizadas na fabricação do aço: minério de ferro e carvão. Espera-se que as siderúrgicas reportem margens menores nos resultados do quarto trimestre de 2010, que estão para ser divulgados.
A expectativa do mercado é que os estoques cheguem a níveis de equilíbrio no primeiro semestre, mas que a recuperação do setor siderúrgico ganhe mais força no segundo semestre, pois as pressões de custo tendem a ter mais impacto nos resultados das usinas na primeira metade do ano. O HSBC projeta que a demanda crescerá de 5% a 10% e que os preços do aço no Brasil tenham alta de 10% em 2011.
Na distribuição, já há quem diga que, dependendo das condições de mercado, outros reajustes de preços, além dos que estão começando a ocorrer, poderão ser feitos. Novas reduções de descontos pelas siderúrgicas ou aumento de demanda por parte dos consumidores de aço vão influenciar essa decisão.
Não há consenso nas expectativas do mercado em relação aos rumos dos preços internacionais do aço, pois o comportamento da demanda nos Estados Unidos e na Europa ainda não está claro. Por enquanto, os aumentos feitos no exterior se basearam principalmente no aumento dos custos. Justamente pelos maiores custos das siderúrgicas com matérias-primas é que o HSBC elevou suas projeções de preços internacionais do aço para 2011 e 2012. A estimativa de preços do banco para o aço na União Europeia foi elevada em 8% para este ano e, nos Estados Unidos, para 17%.
Mas o excesso global de aço ainda preocupa o mercado. A produção mundial somou o volume recorde de 1,414 bilhão de toneladas métricas no ano passado, de acordo com dados da AssociaçãMundial do Aço (Worldsteel Association), e a utilização da capacidade instalada era de 73,8% em dezembro de 2010. Esta semana, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação da China anunciou que o país, responsável por quase metade da produção siderúrgica mundial, deve produzo recorde de 660 milhões de toneladas de aço em 2011. Isso representa crescimento de 5% ante volume produzido no ano passado pela China, que também foi recorde.
Da Agência Estado