Revolução a caminho nos motores brasileiros
Legislação de emissões apertará fabricantes
A Ford, que acaba de anunciar o uso de motores Ecoboost 1.0 L de três cilindros no mercado norte-americano, dentro de um programa global, pode estar aproveitando a experiência obtida no projeto para uso no Brasil.
Assim como a Volkswagen e a PSA, no Brasil a Ford trabalha no projeto de um motor de 3 cilindros. Marcos de Oliveira, presidente da companhia para a região, desconversou sobre o assunto levantado por Automotive Business. Os componentes principais do propulsor devem ser fundidos na fábrica de Taubaté, mas há possibilidade da montagem final ser efetivada na unidade da empresa em Camaçari, na Bahia.
É difícil imaginar que o 3 cilindros da Ford brasileiro seja uma réplica do EcoBoost 1.0 que começará a ser utilizado nos Estados Unidos, com injeção direta, turboalimentação, associado a start-stop e dupla embreagem, embora fosse do agrado do consumidor uma oferta do gênero nos veículos pequenos que a Ford vai fazer no País — a preço razoável, claro. Injeção direta é cara, mas o turbo é acessível. Start-stop, quem sabe? Embreagem dupla, que acrescenta uma boa dose de prazer ao dirigir, só mais tarde.
Ao contrário do Sigma, que utiliza alumínio, o novo motor de 1 L da Ford deve ter bloco de ferro. O cabeçote, nos dois casos, é de alumínio. A Volkswagen e a PSA também devem utilizar um receita semelhante, a primeira no projeto que desembarcará nas linhas de montagem de São Carlos, no interior paulista, e a segunda na unidade de Porto Real, no Rio de Janeiro.
E a Fiat, quando terá disponível no Brasil o motor bicilíndrico, já testado por Automotive Business no ano passado nas pistas de Baloco, próximo a Turim, na Itália, equipando um Cinqüecento? “É cedo ainda para responder”, disse Franco Ciranni, superintendente da Fiat Powertrain, lembrando que pode estar a caminho uma nova legislação de emissões. E está.
O governo começa a esboçar o Programa de Desenvolvimento da Competitividade, o PDC, que tratará o parque industrial automotivo como estratégico e prioritário. As montadoras avaliam o impacto de investir em centros avançados de P&D no País, enquanto o MDIC estabelece as bases de um programa de eficiência energética — muito mais amplo do que o atual, ainda voluntário, associado ao Selo de Eficiência Energética. Na nova fase a legislação vai ditar parâmetros importantes de emissões, ligados ao consumo de combustível. O patamar será próximo de 130 g de CO2 emitidos por quilômetro rodado, como estabelecem países europeus, onde há médias para cada fabricante.
A nova regra de eficiência energética, que poderá chegar casada com o selo verde do Ibama, vai acelerar o programa de renovação dos motores brasileiros, entre os quais apenas o do Mille fica abaixo dos 130 g de CO2/km. Entrarão na linha de produção o bicilíndrico da Fiat e os 3 cilindros da Ford, VW e PSA. E a GM? Ao contrário do que a empresa já afirmou, a fábrica de Joinville, em Santa Catarina, pode trazer boas surpresas, sem fazer apenas ´mais do mesmo que já produz aqui´, como já anunciou.
E qual a expectativa dos fabricantes de turbo no Brasil, como a BorgWarner e a Honneywell, que até agora têm no mercado de diesel seus principais clientes, especialmente no segmento de caminhões e ônibus? As duas empresas estão prontas e já costuraram planos de investir em capacidade para atender os novos projetos.
Da Automotive Business