Rifando a indústria nacional
Enquanto no cenário global os países ricos se articulam para proteger sua indústria local, no Brasil estamos fechando fábricas e abrindo nosso mercado para um volume cada vez maior de importações.
Em setembro do ano passado, o governo brasileiro firmou acordo para facilitar a entrada de veículos pesados e suas autopeças do México e Paraguai. Em julho de 2021, a tarifa de importação deste segmento terá uma redução de 40%, com a previsão de que em 2022 a alíquota seja zerada.
No segmento de veículos de passeio, o governo brasileiro estuda rever o acordo automotivo com o México e pode remover o que hoje é a principal barreira contra uma enxurrada de veículos mexicanos no país: a exigência de conteúdo local, que é de 40% para veículos e peças.
Atualmente os mexicanos encontram dificuldades de atingir esses índices, pois a sua indústria utiliza volumes significativos de componentes importados. A discussão recente prevê redução da alíquota para uma faixa que pode ficar entre 10% a 25%. Se essa intenção avançar, o México pode virar um atravessador de itens automotivos da China e de diversos outros países para o Brasil.
Soma-se a isso o acordo Mercosul e União Europeia que prevê no prazo de 10 anos que as tarifas de exportação entre os dois blocos sejam eliminadas, impactando diretamente os setores automotivo, máquinas, químicos, farmacêuticos, têxteis e calçados, em que as empresas da União Europeia já são mais competitivas em relação às empresas brasileiras.
Para além do desinvestimento que estamos assistindo a todo momento na indústria brasileira, também os caminhos das relações comerciais do país têm colocado o Brasil abaixo de todos.
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