Rio+20 é oportunidade para emergentes
Diretoria do Sindicato debateu evento que terá o desafio de estabelecer critérios para que países emergentes não paguem a conta pelo alto consumo das nações desenvolvidas
Ana Nice fala durante discussão sobre a Rio+20. Foto: Raquel Camargo / SMABC
Crescer, incluir e proteger. Estes são os temas que estarão no centro dos debates da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, ou apenas Rio + 20, que acontecerá de 13 a 22 desse mês, no Rio de Janeiro.
O encontro tem este nome por acontecer exatamente 20 anos após a Eco-92, também realizada na capital carioca, primeiro encontro a discutir o assunto em nível mundial.
Para falar sobre a Rio + 20 com a diretoria do Sindicato, estiveram nesta segunda-feira (4) na Sede o assessor especial do Ministério do Meio Ambiente, Geraldo Siqueira, e o diretor executivo do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, João Ricardo Caetano.
Na opinião dos dois, o grande desafio da Conferência será estabelecer critérios sobre a chamada economia verde, sem que os países emergentes paguem a conta pelo alto consumo dos Estados Unidos ou das nações desenvolvidas da Europa.
Economia verde
“A economia verde deve ter seu foco na erradicação da pobreza, na diminuição de desigualdades, na geração de empregos, no uso de energias renováveis, na transferência de tecnologias e na segurança hídrica, energética, alimentar e nutricional. E não pode levar à criação de entraves ao desenvolvimento dos países”, defendeu Geraldo Siqueira.
Segundo ele, a Rio + 20 será uma grande oportunidade para a comunidade internacional se comprometer com um modelo de desenvolvimento internacional que busca níveis ascendentes de crescimento econômico, ao mesmo tempo em que extingue a pobreza e promove a inclusão social, assegurando o uso racional dos recursos ambientais.
Política ambiental
João Ricardo concorda e acrescenta que os governos podem e devem desenvolver políticas que levem em consideração os fatores econômicos, sociais e ambientais.
“Eles devem dar preferência em suas compras para produtos que usem menos eletricidade, por exemplo. Ou condicionar incentivos fiscais ao uso de materiais recicláveis, como a confecção de tapetes para autos a partir de garrafas PET”, disse.
Durante os debates, a diretora executiva Ana Nice Martins de Carvalho leu a proposta do Sindicato que será levada como contribuição à Rio + 20.
Proposta para regulação do desenvolvimento sustentável
As principais empresas públicas e privadas do País buscam recursos para investimento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), banco de fomento que tem como um de seus eixos apoiar ações para o desenvolvimento social, algo que nem sempre é lembrado e respeitado pelos tomadores de empréstimos.
Diante dessa realidade, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC propõe que seja estabelecido, como condição básica para a obtenção de empréstimos junto ao BNDES, o respeito e adoção das resoluções da ONU referentes à sustentabilidade ambiental e justiça social.
Também propomos que, ao mesmo tempo, sejam promovidas ações que garantam visibilidade às resoluções das Nações Unidas relativas ao desenvolvimento sustentável e às questões prioritárias e estratégicas para a realização do trabalho decente, tais como:
1) Geração de empregos com qualidade e igualdade de oportunidades e de tratamento;
2) Erradicação do trabalho análogo ao escravo e do trabalho infantil;
3) Fortalecimento dos atores e dos fóruns tripartites para o diálogo social como instrumento de governabilidade democrática;
4) Respeito à organização dos trabalhadores no local de trabalho.
Da Redação