Ritmo de concessão de crédito se recupera, mas bancos cobram mais caro

No fim de outubro, começaram a ocorrer os primeiros sinais de recuperação, espelhados nos dados preliminares para novembro

Depois de recuar 3% em outubro sobre setembro, as concessões de crédito deram sinais de recuperação em novembro, mas com forte alta no custo. O temor dos bancos sobre o risco dos tomadores fica claro na contínua puxada do spread (diferença entre o custo de captação e dos empréstimos), que tinha subido 2 pontos percentuais no mês passado e avançou mais 2,1 pontos no início deste mês.

Dados parciais até 12 de novembro apontam que o spread médio geral subiu a 30,5% ao ano. Em outubro tinha chegado a 28,4%, o patamar mais elevado desde maio de 2006 (28,5% anuais), segundo o Banco Central (BC).

O volume global de empréstimos avançava 2,5% na mesma comparação, com aumento de 2,8% nas operações a pessoas físicas e mais 2,3% para empresas.

Também no início deste mês, as liberações cresciam 5,7% sobre os oito primeiros dias úteis de outubro, com concessões em ritmo mais forte, de 14,8%, para pessoas físicas e alta de 1,2% para pessoas jurídicas.

O BC informou que no pior mês da crise financeira mundial, os novos empréstimos recuaram 3% sobre setembro. As concessões do mês somaram R$ 157,25 bilhões ante R$ 162,2 bilhões em setembro.

“A retração foi mesmo forte em outubro, tanto do lado da oferta quanto da demanda, sendo natural que em momento de crise todos se mostrem conservadores”, comentou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes.

Segundo ele, no fim do mês começaram a ocorrer os primeiros sinais de recuperação, espelhados nos dados preliminares para novembro.

“Não se pode dizer que o crédito já voltou ao status pré-crise, mas os números do início do mês mostram retorno, em ritmo menor, mas crescendo”, avaliou Lopes.

Ele ponderou que as famílias vão precisar de atenção ao financiar as compras de fim de ano, pois o crédito deve continuar mais caro, com juros em alta. O cheque especial, por exemplo, atingiu 170,8% ao ano no mês passado, a maior taxa desde julho de 2003 (173,9%).

A taxa média do juro bancário, que subiu 2,5 pontos para 42,9% ao ano em outubro, o nível mais alto desde junho de 2006 (43,2%), cresceu em novembro para 45%. O salto maior foi para empréstimos a pessoas físicas, em que o custo saiu de 54,8% para 59,8% anuais, acréscimo maior do que nas operações a empresas, que passou de 31,6% no mês passado para 31,9% ao ano agora em novembro.

Do Valor Online