Romênia: 80.000 nas ruas de Bucareste contra medidas do FMI
Os romenos manifestaram-se, na última quarta-feira (3), contra o plano de austeridade, que inclui corte de 25% dos salários do funcionalismo público, demissão de cerca de 70 mil funcionários públicos e aumento do IVA de 19% para 24%.
Em junho, o Tribunal Constitucional chegou a declarar inconstitucionais algumas das medidas apresentadas pelo governo de Emil Boc, do Partido Liberal Democrático, que visam limitar o déficit público a 6,8% do Produto Interno Bruto (PIB), entre as quais a diminuição das aposentadorias e pensões em 15%.
As medidas restantes previstas no pacote submetido ao parlamento romeno em maio, como a demissão de cerca de 70 mil funcionários públicos até ao fim do ano, cortes de 25% dos salários do funcionalismo público e o aumento do imposto de valor agregado de 19% para 24% mantiveram-se na proposta final, sendo que os cortes salariais foram iniciados em junho.
As consequências das medidas – degradação da qualidade de vida dos romenos, deterioração dos serviços públicos, diminuição de rendimentos – provocaram o enorme protesto dos romenos: 80.000 pessoas nas ruas de Bucareste, de acordo com dados divulgados pelos organizadores da manifestação.
Os manifestantes concentraram-se à porta do parlamento, para aguardar pelo resultado da moção de censura apresentada pela oposição, que acabou derrotada.
Emil Bloc, primeiro-ministro romeno, afirmou “compreender os manifestantes”, mas defende os cortes com a necessidade de cumprir o compromisso assumido perante o FMI – como contrapartida pelo empréstimo concedido – no sentido de reduzir o déficit, em 2010, de 7,9% para 5,9%.
Efeitos da recessão
Em 2009, a Romênia entrou em recessão devido ao aumento do desemprego, diminuição do consumo interno e colapso da indústria exportadora, decorrentes das medidas de contenção aplicadas pelo governo romeno.
De acordo com a Agência Nacional para o Emprego, em junho, mais de 48% dos cidadãos com idade até 25 anos estavam desempregados há mais de 6 meses. A taxa de inflação da Romênia é a maior de todos os estados-membros – 7,6%.
Os efeitos da recessão na Romênia são avassaladores. A crise está atingindo com mais severidade os mais frágeis, como é o caso das crianças e idosos, e limitando o acesso aos serviços públicos essenciais, como a saúde e a educação.
A Romênia é, juntamente com a Bulgária, um dos países mais pobres da União Europeia. O salário mínimo é de 140 euros, o mais baixo da União Europeia.
Do Vermelho, com informações da Revista Fórum