Rotatividade reduz salários em bancos, apesar de aumento de vagas
No primeiro trimestre de 2011, foi primeira vez em que pedidos de demissão foram maioria. Para sindicalistas, mudança é fruto do assédio moral e de pressão abusiva
No primeiro trimestre de 2011, os bancos de todo o país tiveram saldo de 6.851 vagas criadas. Isso representa aumento de 1,4% no total de postos do setor em 2010 e 1,3% dos empregos abertos em toda a economia do país no período. Segundo a 9ª Pesquisa de Emprego Bancário (PEB), feita pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a rotatividade permanece como fator de rebaixamento da média salarial.
O levantamento toma como base dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego. Foram contratados 15.798 trabalhadores, ante 8.947 demissões. “O mecanismo (da alta rotatividade) é cruel diante dos ganhos milionários dos altos executivos e dos lucros astronômicos dos bancos que superaram R$ 12 bilhões no primeiro trimestre, um dos mais altos da economia brasileira”, criticou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
Uma das principais mudanças desde o início do estudo, em 2009, envolve o motivo da saída de funcionários. Em 2009, apenas 35,65% das dispensas envolviam pedido de demissão pelo trabalhador. No primeiro trimestre de 2011, pela primeira vez, a maior parte (51,0%) saiu por decisão própria. “Esses novos dados reforçam as denúncias da Contraf-CUT, das federações e dos sindicatos, de que cada vez mais trabalhadores não aguentam o assédio moral e a pressão pelo cumprimento de metas abusivas, que provocam condições insustentáveis de trabalho”, aponta Carlos Cordeiro.
A remuneração média dos contratados ficou em R$ 2.330,25, enquanto os demitidos ganhavam R$ 4.086,32, uma diferença de 42,97%. Em relação a dezembro, a diferença entre dispensados e admitidos teve elevação de cinco pontos percentuais. Quase dois terços (65%) das contratações no primeiro trimestre tinham remuneração de dois a três salários mínimos. Três quartos (75,4%) dos desligamentos estavam em faixas superiores a quatro salários mínimos.
O estudo também aponta aumento da desigualdade entre salários pagos a homens e a mulheres. Tanto as demitidas quanto as contratadas ganhavam em média menos do que seus pares masculinos. Entre dispensados, os homens ganhavam 27,4% a mais; nos admitidos, a divergência era de 24,1%.
Da Rede Brasil Atual