Ruptura

O povo brasileiro tem direito a escolher um candidato e um programa de governo que represente uma ruptura com a política econômica em vigor. Ou não é democracia.

O reinado tucano está chegando ao fim, depois de oito anos de governo FHC. O Brasil está mais pobre, endividado, nosso povo vive amedrontado, com medo da violência urbana ou aterrorizado diante da perda de emprego. E ainda é obrigado a se dar por feliz quanto tem um emprego. Para quem está desempregado, nem mesmo a festejada “estabilidade” faz qualquer sentido.

Neste quadro de dificuldades, nada mais natural para o cidadão que aproveitar a oportunidade eleitoral para mudar. Mudança, no caso do Brasil, significa condenar o discurso neoliberal que orientou a “privataria”, a explosão da dívida pública, o corte de investimento em serviço público, saúde e educação públicas e assim por diante.

Mudança significa redução das taxas de juros, crescimento econômico, geração de emprego e construção das bases de uma sociedade justa e equilibrada. E o que é isto, senão ruptura? Ruptura com um passado de violência e corrupção que estão tomando conta do Brasil. Ruptura com as políticas neoliberais responsáveis pelos índices recordes de exclusão social e concentração de renda.

E, como maioria da população, maioria do eleitorado, está nas nossas mãos de trabalhadores a possibilidade de garantir que nesta ruptura o Brasil passe a reconsiderar nossos interesses e levar em conta nossas demandas. O momento presente é, portanto, uma oportunidade especial para apresentarmos nossas demandas aos candidatos à presidência, aos governos de estado e aos legislativos federal e estadual.

Mas, o Brasil é um país engraçado, para não pensar o pior. Tem gente que, por controlar setores da mídia, acredita que pode enganar todo mundo. Que pode transformar palavras como “estabilidade”, conceitos como “ruptura” e “argentinização” em espantalhos capazes de mudar a tendência do eleitorado.

A falta de pudor do presidente do Banco Central, Armínio Fraga, do ministro Pedro Malan, e agora até do presidente FHC, todos engajados nesta campanha exigem que se diga o óbvio: o povo brasileiro tem direito a escolher um candidato e um programa de governo que represente uma ruptura com a política econômica em vigor. Ou não é democracia.

Luiz Marinho é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, presidente de honra da Unisol-União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo e Coordenador do Mova Regional