Rússia: montadora tem trabalho rural para funcionários
O setor automotivo na Rússia praticamente vive sua quarentena de Covid-19 elevada ao cubo. O vírus nesse caso é a falta de peças e componentes, gerada pelo bloqueio. Com fábricas paradas e algumas já abandonadas, a Rússia entra num inverno glacial no setor automotivo. Numa das fábricas que hoje não fazem nada, a ociosidade está em 100% há dois meses e não há sinal no horizonte com uma data para isso acabar.
A Avtotor, uma montadora russa associada com Hyundai-Kia e BMW, tem em seus “silos” 10.000 carros para alimentar o desnutrido mercado russo. Na planta, que fica em Kaliningrado, no Oblast russo entre Polônia e Lituânia, a Avtotor tem 200 carros inacabados e que não terão muito utilidade comercial adiante. O motivo é que, fora os carros da BMW que não terão destinação alguma, os da Hyundai e Kia até poderiam ser terminados com peças importadas da Coreia do Sul.
Só que, ainda que Seul não tenha imposto sanções econômicas e nem políticas à Rússia, qualquer movimento no sentido de abastecer o invasor da Ucrânia, será considerado por Washington como traição. De olho no mercado americano, onde goza de livre comércio, a Coreia do Sul não declarou, mas impõe por força maior um bloqueio à Rússia. Sem perspectivas, a Avtotor decidiu manter os empregados, mas reduziu em dois terços o salário de 50.000 rublos (R$ 3.864) mensais.
Aí que a Avtotor teve uma ideia inusitada: trabalho rural. A montadora propôs aos funcionários que trabalhem nos campos por um adicional de 1.500 a 2.500 rublos mensais. Essa proposta é atuar na colheita de morango, mirtilo e maçã entre junho e outubro, mas será um trabalho voluntário e muito distante da fábrica, que fica a 100 km dos campos. O trabalho rural será voluntário, mas a forma encontrada pela Avtotor nos faz lembrar dos tempos em que a agricultura dominava a economia da Rússia.
Do Auto Fórum