Saiba mais: Conselhos de fábrica na Itália
Nos primeiros anos da década de 20 do século passado, os trabalhado-res do norte da Itália desenvolveram uma das mais significativas experiên-cias de organização no local de trabalho: os conselhos de fábrica.
Dois fatos reveladores dessa experiência. O primeiro foi em agosto de 1920, quando os empresários decretaram o fechamento das fábricas (lockout), em resposta ao impasse nas negociações com os metalúrgicos. Em Turim, os trabalhadores organizados nos conselhos de fábrica, ocuparam as empresas, inclusive a maior delas, a Fiat. Conseguiram, durante um mês, manter em funcionamento, sem patrões, um dos mais modernos aparelhos de produção da indústria italiana da época. No mesmo ano, uma movimentação de massas dirigida pelos conselhos, sob a direção da seção socialista, colocou, em apenas duas horas, cerca de 120 mil operários nas ruas da cidade.
A reação patronal não tardou. Compreendendo que os conselhos tendiam a exercer nas fábricas um poder próprio, independente da autoridade empresarial, os patrões decidiram isolar e extinguir, o mais rápido possível, essa ameaça. Apelaram, como de costume, para a ação repressora das forças policiais, guardiãs da propriedade privada e do Estado capitalista. A repressão foi violenta: em 1922 havia 31 mil desempregados só em Turim; os conselhos de fábrica e as comissões internas que os haviam precedido foram abolidos.
São muitas as questões a serem esclarecidas sobre o significado e o desfecho dessa experiência. Por que ela não se consolidou? Qual era o quadro político da Itália nesse convulsivo período do pós-guerra? Qual foi o impacto da revolução russa e dos sovietes na organização dos conselhos de fábrica e no desdobra-mento da crise interna na Itália? Qual foi o papel desempenhado pelo movimento sindical e pelos partidos de esquerda nesse processo? Refletindo sobre essas questões, pensadores marxistas como Antônio Gramsci e Lukács, apontaram a desarticulação e fragilidade do movimento operário nas outras regiões do país, que não deram sustentação ao movimento de Turim, e a incapacidade dos partidos de esquerda de compreender o significado histórico das lutas desenvolvidas pelos conselhos de fábrica.
Mais informações sobre esta experiência podem ser obtidas no Departamento de Formação