Salão do automóvel 2009 é sinônimo de boas oportunidades

As empresas precisam reequilibrar as atividades, já que trabalham em ritmo acelerado há meses

Os discursos dos presidentes das montadoras que participam do 25º Salão do Automóvel parecem até que foram tirados do mesmo lugar. Apesar do clima da crise financeira mundial eles não consideram este salão como o da crise, mas sim como a das oportunidades. Ainda que os reflexos negativos do cenário atual não tardem a chegar ao Brasil, o pior cenário traçado para as vendas de automóveis em 2009 pelos executivos é de volumes semelhantes aos de 2008.

Cledorvino Belini, presidente da Fiat Mercosul, admite que “os 30% de crescimento nas vendas esperados para este ano não ocorrerão, mas virão 20% com relação ao ano passado, o que é um ótimo índice”.

O executivo não encara a redução da expectativa de crescimento como fator negativo para o setor, ao contrário, acredita que será um momento para que as empresas consigam reequilibrar suas atividades, já que estavam trabalhando em ritmo acelerado há meses: “Será um período de consolidação dos investimentos anunciados nos últimos meses”.

A possibilidade de suspender os investimentos se quer foi cogitado, até porque, lembra Belini, o patamar de produção será mantido: “Não se pode criar uma crise onde não existe”.

José Carlos Pinheiro Neto, vice-presidente da General Motors do Brasil, é ainda mais enfático: “Estão fazendo uma grande histeria por aí”.

Tanto ele quanto Jaime Ardila, presidente da GM, concordam que a turbulência chegará ao país, mas acreditam que o impacto não será muito grande. Ardila aposta em um prazo de dois meses para o cenário se estabilizar e, em 2009, o mercado crescerá 5% a partir das 3 milhões unidades projetadas para este ano.

O fator de confiança geral do setor está na depositada na postura ágil do governo federal. As recentes medidas tomadas com relação à garantia de crédito foram suficientes, na visão dos executivos, para também garantir o mercado nos patamares atuais até o fim deste ano. E a notícia de que haverá novas linhas de crédito para os bancos vinculados às montadoras foram bem vistas no setor.

Os investimentos para expansão na unidade da PSA Peugeot-Citroën em Porto Real, RJ, de US$ 500 milhões estão garantidos, segundo Jean Luis Orphelin, presidente da Citroën. O executivo conta que para a Peugeot o cenário de queda no ritmo de vendas dá fôlego à fábrica que está com a capacidade tomada.

Thomas Besson, da Nissan, também garante a manutenção do plano de investimento e de todos os projetos da montadora. Nem corte de produção na planta em São José dos Pinhais, PR, que recentemente abriu o segundo turno, passa pela sua cabeça: “A pergunta principal é quando vamos precisar abrir o terceiro turno”.

O Livina, primeiro veículo de passeio produzido pela Nissan no Brasil, entra nas linhas de montagem em janeiro de 2009, para ser lançado em março. Meses depois sai
uma derivação do modelo, com capacidade para sete pessoas, chamada Grand Livina. O passo seguinte é a produção de um carro de grande volume, mas ainda sem data definida.

Nada de pessimismo – Mesmo que o discurso seja menos positivo, não há pessimismo. Jérôme Stoll, presidente da Renault, afirmou que tem flexibilidade na fábrica para adequar a produção, uma vez que pode utilizar os bancos de horas dos funcionários. Mas já anunciou que os trezentos trabalhadores contratados temporariamente para o segundo turno na planta da Argentina serão dispensados.

Os planos de investimento seguem a todo o vapor, até porque a crise é vista como passageira. Segundo ele o segundo semestre de 2009 já deve apresentar ritmo maior de crescimento: “A tempestade passará e o mercado automotivo voltará a crescer”.

O plano de utilizar os bancos de horas para adequar a produção à demanda também está na gaveta de Marcos de Oliveira, presidente da Ford. A empresa pretende realizar 23 lançamentos de 2009 a 2013, prova de que continua acreditando no mercado brasileiro.

Da Agência Autodata