Salário das mulheres foi inferior em 82% das áreas de atuação em 2022. Situação se reflete na categoria metalúrgica

Sindicato luta para fazer valer a lei de igualdade salarial, sancionada em 2023, pelo presidente Lula

Foto: Divulgação

Em pesquisa divulgada no último dia 20, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontou que os salários das mulheres foram inferiores ao dos homens em empresas de 82% das áreas de atuação em todo o país em 2022.

Lei sancionada pelo presidente Lula em 2023, determina que a renumeração seja igual quando a função é a mesma. Desde então, muitas trabalhadoras têm entrado na justiça para reivindicar a equiparação dos salários. Já o Ministério do Trabalho e Emprego, por sua vez, exige relatórios sobre as remunerações.

A diretora executiva do Sindicato, coordenadora do Coletivo das Mulheres Metalúrgicas do ABC, Andrea de Souza, a Nega, ressaltou que o levantamento também reflete a condição da categoria.

“Infelizmente, essa situação é real também na nossa base. Após o estudo do Dieese, foi comprovado que nós, mulheres metalúrgicas, ganhamos menos do que os homens. Em uma sociedade onde mulheres e homens fazem o mesmo trabalho, ter essa disparidade de salário é inadmissível” 

Foto: Adonis Guerra

“Precisamos cada vez mais cobrar para fazer valer a lei de salário igual para trabalho igual, essa é uma ferramenta extremamente necessária. É uma das pautas centrais do Coletivo de mulheres, uma das pautas das negociações da nossa Campanha Salarial e também do dia a dia do nosso Sindicato. Avançamos, mas precisamos avançar muito mais”, completou.

O instituto analisou dados do Cempre (Cadastro Central de Empresas), que reúne empresas de 357 áreas de atuação, exceto aquelas enquadradas como MEI (Microempreendedor Individual). Algumas das atividades com maior presença feminina no Brasil, como saúde, educação e artes, cultura, esporte e recreação, inclusive, registraram salários médios menores para elas do que para eles.

A média salarial era igual ou maior no caso das mulheres apenas em 63 delas (18%). Segundo o IBGE, os homens representavam 54,7% do total dos assalariados nessas empresas, com média salarial de R$ 3.791,58. Já as mulheres (45,3%) tinham média de R$ 3.241,18.

Na base

Em março, a Subseção do Dieese do Sindicato lançou estudo sobre o perfil da mulher metalúrgica do ABC com o objetivo de apresentar dados sobre emprego e remuneração média comparada, por exemplo. Para essa consolidação foram utilizados dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) 2021 e as variações mensais do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) para 2022 e 2023.

Dentre os muitos pontos analisados, a valorização do trabalho e a equiparação salarial entre homens e mulheres na base ainda é gritante: as mulheres recebem 24,9% a menos do que os homens, o percentual mais elevado desde 2014. Segundo a pesquisa, entre 2008 e 2014 é possível observar um constante aumento dos salários das mulheres e redução da diferença entre os gêneros.

Esta trajetória foi interrompida pela crise econômica nos anos de 2015 e 2016, seguida pela Reforma Trabalhista em 2017 e, nestes anos, é possível observar menor distância entre os salários de homens e mulheres.

Participação

Considerando a evolução das mulheres metalúrgicas na base em relação aos homens, em 2023 a participação aumentou para 17,1%, principalmente pela redução da quantidade de homens na categoria. Em 2006, a participação das mulheres na base era de 12,7%. A maior parte das metalúrgicas está ocupada em São Bernardo (10%), seguido de Diadema (5,6%), Ribeirão Pires (1,5%) e Rio Grande da Serra (0,1%).

O segmento que mais emprega mulheres em relação aos homens é a fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, com estimativa de 40,3%. Já o segundo é o setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos, com 28,9% das metalúrgicas.