Saldo líquido de empregos supera marca de 12 milhões desde 2003
Comércio e serviços foram os que apresentaram o melhor desempenho no período, segundo dados do Caged
O dinamismo vigoroso da atividade econômica nos últimos anos contribuiu para o forte crescimento do mercado de trabalho no Brasil e o aumento da formalização da mão de obra. Com a divulgação dos dados de junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o País ultrapassou a marca de 12 milhões de empregos líquidos (o saldo total de admissões e dispensas de empregados, sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho) criados desde 2003.
Até o mês de maio, o saldo líquido de empregos gerados no País era de 12.410.022 postos de trabalho. Nos oito anos do governo FHC foram abertas 5.016.672.
Na avaliação de especialistas e estudiosos que acompanham a evolução do mercado de trabalho, esse resultado representa um dos melhores desempenhos da história recente do País, talvez só comparável ao período de forte crescimento da economia na década de 70 que ficou conhecido como “Milagre Brasileiro”.
Como o Caged sofreu uma mudança na metodologia em 2002, os dados consolidados anteriormente, desde 1992, não podem ser utilizados para efeito de comparação com o atual desempenho, segundo os analistas, sob o risco de gerar distorções e erros de interpretação.
Empregos no Brasil
Reprodução / IG
Desempenho por região
A maior responsável por esse movimento de forte ampliação de vagas no mercado formal foi a região Sudeste. Desde janeiro de 2003, o saldo de empregos gerados nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo é de cerca de 5,7 milhões de postos de trabalho, sendo que a maior parte desse desempenho, cerca de 1,9 milhão de vagas líquidas, foi registrado na região metropolitana de São Paulo.
O desempenho na capital paulista e nas demais cidades da Grande São Paulo, equivale ao saldo líquido de empregos nos três Estados do Sul do País, desde 2003, a segunda melhor colocada entre as cinco regiões do Brasil. Nesse período, até maio de 2010, a região Sul acumula um saldo de aproximadamente 1,9 milhão de vagas, seguida pela região Nordeste, que tem um saldo líquido de cerca de 1,3 milhão de vagas.
As regiões Centro-Oeste, com um saldo líquido de 660 mil vagas, e Norte, com 380 mil vagas, também apresentaram avanços significativos, mas não na mesma intensidade verificada nas demais áreas do País, onde a atividade econômica apresentou um ritmo mais intenso.
Para o economista Fábio Romão, da consultoria LCA, além da forte expansão do mercado de trabalho, o principal ponto positivo é o processo crescente de formalização da mão de obra. “Isso aumenta o nível de confiança na economia e melhora o acesso das pessoas ao crédito, impulsionando diversos setores.”
Segundo Romão, esse processo de melhora do cenário no mercado de trabalho aconteceu na esteira do crescimento sustentado da economia entre 2004 e 2008. ” No início de 2009 houve uma interrupção nesse desempenho, por causa dos efeitos da crise financeira no fim de 2008. Mas já no segundo semestre do ano passado, muitos setores iniciaram uma volta ao ritmo de antes da crise e desde então a atividade tem sido muito intensa.”
Serviços e comércio
Os setores de serviços, com um saldo líquido de quase 4 milhões de vagas, e comércio, com 2,5 milhões de postos de trabalho foram os que apresentaram o desempenho mais vigoroso desde 2003, tendo sido reponsáveis por mais da metade do resultado consolidado verificado até o momento.
O setor industrial foi o mais atingido, num primeiro momento, pelos efeitos da crise financeira, mas voltou logo a se recompor e acumula um saldo de cerca de 2 milhões de empregos líquidos em pouco mais de sete anos. Já o segmento de construção civil passou praticamente ileso pelo período de turbulência na economia e manteve o ritmo de geração de empregos, acumulando um resultado líquido de 930 mil postos.
Para os especialistas, o processo de desindustrialização do emprego formal indica que o Brasil está evoluindo para um cenário já consolidado em economias mais maduras, como a dos Estados Unidos e em alguns países da Europa, onde a participação da população no emprego industrial vem caindo à medida que o setor de serviços se expande. ” Essa mudança no perfil do emprego não é negativa e indica que a economia brasileira está buscando outras formas de crescer”, afirma o economista da Gradual Investimentos, André Perfeito.
Na avaliação do economista João Paulo dos Reis Velloso, que foi titular do Ministério do Planejamento de 1969 a 1979, um elemento importante para manter e ampliar o crescimento da economia e do mercado de trabalho é o investimento tanto público, quanto o privado. “Além disso, é necessário qualificar melhor a mão de obra e gerar melhores posto de trabalho”, diz.
Da redação, com IG