Saldo positivo

A tentativa de golpe na Venezuela deixou muita gente em maus lençóis.

A tentativa de golpe na Venezuela deixou muita gente em maus lençóis. Políticos, mídia, governantes, muita gente esqueceu princípios democráticos e passou a justificar o golpe contra o presidente Hugo Chávez. Poucos, meio envergonhados, pediram eleições diretas. E, muito poucos, condenaram claramente o golpe.

Com a reviravolta do fim de semana, todo mundo foi pego de calças curtas. A começar pela mídia, que embarcou na aventura das oligarquias venezuelanas. As desinformações foram escandalosas. Segundo a mídia, Chávez teria sido derrubado por seus próprios erros e por manifestações populares contrárias ao seu governo.

Nenhuma manchete acusando o golpe contra a democracia! Nenhuma notícia apontando resistências ao golpe. Inacreditável o cinismo das oligarquias venezuelanas! Inacreditável a inocência da mídia internacional ao comprar esta versão, recheá-la com a opinião de respeitáveis analistas internacionais e vendê-la no mundo todo!

Por trás da falta de princípios e desta inocência escondiam-se interesses inconfessáveis. Aqui no Brasil, por exemplo, tentava-se identificar Lula a Chávez, insinuando que a eleição de Lula representaria instabilidade para nossa democracia. E uma confissão: eleição e democracia só valem com a vitória da direita e se os eleitos não tentarem mudar nada!

De qualquer forma, esta história ainda tem um saldo positivo: mostra que não há mais espaço na América Latina para as velhas oligarquias continuarem governando apenas com apoio da mídia e através de quarteladas.

Luiz Marinho é Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, presidente de honra da Unisol-União e Solidariedade das Cooperativas do Estado de São Paulo e Coordenador do Mova Regional