Sanguessugas começaram a agir no governo FHC

Levantamento da Controladoria Geral da União mostra que a maior parte da liberação de recursos para compras superfaturadas de ambulâncias ocorreu no governo FHC. As prefeituras controladas pelo PSDB e PFL foram as mais beneficiadas.

Os números divulgados pela Controladoria Geral da União (CGU) mostram que as prefeituras do PSDB e PFL dominaram o esquema de corrupção conhecido por escândalo dos sanguessugas.

Das 591 prefeituras beneficiadas com emendas dos deputados sanguessugas pagos pela empresa Planam, 128 eram do PSDB e 107 do PFL.

Em seguida vem o PMDB com 106 prefeituras e o PTB com 54. O PT, com 9 prefeituras, ficou em nono lugar.

O esquema era comandado pela empresa Planam e envolvia parlamentares e prefeituras. A empresa pagava propina a deputados e senadores que viabilizavam a compra de ambulâncias através de emendas individuais ao Orçamento da União.

Depois de aprovada a emenda, uma funcionária do Ministério da Saúde, também do esquema, avalizava o convênio e a verba era liberada.

Esquema – A Controladoria Geral da União acredita que o esquema de fraudes na compra de ambulância com recursos do Orçamento Geral da União existia desde 1998, ano em que começa o segundo mandato de FHC.

Em 2000, com FHC na presidência e Serra como ministro da Saúde, a Planam movimentou R$ 79 milhões em convênios para compra de ambulâncias.

Em 2002, em plena campanha, a Planam deitou e rolou com o esquema. Dos 615 convênios assinados pelo Ministério da Saúde para a compra de ambulâncias, 317 beneficiaram a máfia.

Em depoimento para a Polícia Federal, o dono da Planam, Luiz Vedoin, disse que torceu pela vitória de Serra, acreditando que o esquema continuaria. Lula assumiu em 2003 e o esquema passou a murchar. No ano seguinte a Planam participou de apenas 71 convênios.

Governo federal descobriu máfia

O ministro Jorge Hage, da Controladoria Geral da União, disse que a máfia foi descoberta por causa do programa de fiscalização das verbas liberadas pelo governo federal.

Assim que os primeiros casos apareceram em Rondônia, a CGU conseguiu autorização judicial para grampear prefeitos, parlamentares e servidores do Ministério da Saúde. Em seguida, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar as irregularidades.

A CGU listou os 33 deputados que conseguiram emplacar seis ou mais emendas favoráveis à Planam.

Nessa lista estão nove deputados do PTB, sete do PSDB, quatro do PFL, quatro do PMDB e um do PT.

O campeão foi o deputado Renildo Leal (PMDB-PA), que conseguiu emplacar 25 emendas, em segundo lugar vem o deputado João Caldas (PL-AL) com 23 emendas e em terceiro ficou o deputado Nilton Capixada (PTB-GO) com 22 emendas.

Até agora estão sob suspeita 94 parlamentares e outros 26 ex-parlamentares.