São Bernardo: MP investiga superfaturamento na desapropriação da Enco

Está na pauta da Câmara de São Bernardo pedido de CPI para apurar o que pode ser um dos maiores escândalos na cidade.

Trata-se da desapropriação do terreno da antiga metalúrgica Enco Zolcsak, às margens da Via Anchieta, em frente à Volks. A fábrica entrou em processo de falência na metade de 1996 e deixou pelo menos 350 companheiros na mão.

A desapropriação é investigada pelo Ministério Público Estadual (MP). Ele apurou que a massa falida da empresa (terreno de 17 mil metros mais instalações) foi leiloada em dezembro de 2000 por R$ 451 mil para a ACF Imóveis.

Um ano depois, a ACF vendeu os direitos da propriedade por R$ 1 milhão para a empresária Olívia Augusta Araújo Macedo.

Em julho de 2002, a Prefeitura de São Bernardo declarou de utilidade pública o imóvel da falida Enco e outro de 7 mil metros quadrados da mesma empresária, para a implantação do Centro de Design.

Em janeiro de 2003 a Prefeitura pagou R$ 7,4 milhões pela  desapropriação das duas áreas, seis vezes mais que o preço pago pela empresária um ano antes.

Indícios

Autor do requerimento da CPI, o vereador Wagner Lino (PT), que obteve documentos da investigação, dá os mesmos argumentos usados pelo MP, de que existem indícios de superfaturamento do imóvel desapropriado.

Além do mais, o Ministério Público investiga o sumiço de 273 toneladas da estrutura metálica da fábrica, avaliada em R$ 4,5 milhões.

Para Lino, a CPI pode provocar pressão social para apoiar as investigações do MP. “Queremos saber o destino do dinheiro público e a CPI é uma forma de manter a sociedade informada sobre as investigações do Ministério Público”, disse o vereador.