São Bernardo: Prefeitura fecha sapataria ortopédica

Por determinação da Prefeitura de São Bernardo, desde quarta-feira da semana passada está fechada a sapataria ortopédica que faz botas, palmilhas e sandálias aos portadores de hanseníase (a popular lepra), diabéticos e pessoas com deficiência.

A sapataria, que funciona há 21 anos na cidade, é a única na região metropolitana e uma referência nacional no atendimento a sequelados, que possuem pés atrofiados.

A sapataria ortopédica atendia cerca de 40 pessoas por mês. São pessoas pobres, que não conseguem pagar pelos sapatos especiais, adaptados à sua deformidade.

Uma palmilha custa cerca de R$ 130,00, um sapato sai por R$ 300,00 e a bota alcança cerca de R$ 700,00 reais no mercado.

Na sapataria ortopédica, o atendimento é gratuito, pago pelo SUS – Sistema Único de Saúde, do Ministério da Saúde. Ela funcionava no andar da Clínica de Especialidades da Vila Duzzi, em espaço cedido pelo INSS.

Os dois técnicos que atendiam na sapataria são do Estado e foram municipalizados há 10 anos, quando o serviço passou a ser feito pela cidade. O maquinário, também do Estado, foi cedido para a Prefeitura no mesmo período.

“Fechar a sapataria ortopédica é ir na contramão do que está acontecendo em outros Estados, que pedem a experiência dos técnicos da cidade para abrir novas sapatarias”, disse Idelmar de Lima Muniz, um dos coordenadores do Mohan – Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase.

Vereadores querem reabertura

Na manhã de ontem, Idelmar ocupou a Tribuna da Câmara para pedir apoio dos vereadores no sentido de sensibilizar a Prefeitura a não encerrar as atividades da sapataria ortopédica.

“O saldo político foi positivo. Todos os vereadores disseram que vão se empenhar pela manutenção da sapataria”, comentou ele.

Por enquanto, os materiais e equipamentos continuam encaixotados na sala onde funcionava a sapataria.

Idelmar espera que a Prefeitura reabra a sapataria o mais rápido possível, já que os pacientes não podem ser abandonados. “Cada sequelado necessita de um sapato adaptado a sua deformidade e o serviço é totalmente artesanal”, concluiu.