São Paulo deixa de investir R$ 47 milhões no combate a enchentes

Recursos deveriam ter sido destinados pelo Estado para obras e ações antienchentes nos últimos quatro anos

Levantamento feito pela liderança do PT na Assembleia Legislativa revela que, nos últimos quatro anos, o governo do Estado deixou de investir R$ 47 milhões em obras e ações antienchentes. Entre 2007 e 2010, somente na implantação de novos piscinões, R$ 21,7 milhões não foram aplicados.

Anunciado como o maior reservatório do Brasil, o piscinão do Jaboticabal, que será instalado em um terreno na divisa da Capital com São Caetano, com capacidade de armazenar 900 mil de metros cúbicos de água, aguarda desde 2008 a publicação de licitação para escolha da empresa que realizará a obra.

Para o deputado estadual Carlos Alberto Grana (PT), a falta de investimentos reflete em prejuízos financeiros e sociais para o ABCD. “O resultado está aí. Lojas e empresas sofrem com a perda de produtos, e moradores sofrem com a perda de casas, e o que é pior, a perda de vidas. O governador anunciou que não é possível resolver a questão da enchente em 24 horas, mas o PSDB teve 18 anos para isso e não chegou a uma solução”, salientou.

A Região é uma das que mais sofreram com os efeitos das fortes chuvas das últimas semanas. Além de pontos de alagamentos e deslizamentos de terra, quatro moradores do Jardim Zaíra 6 e um do Jardim Rosina, em Mauá, foram soterrados pela terra que desceu dos morros.

De acordo com o presidente do Consórcio Intermunicipal, Clóvis Volpi, o governo do Estado também não efetuou a limpeza dos 19 piscinões da Região na Operação Verão 2010/2011. O convênio firmado entre Consórcio, Prefeitura de São Paulo e Estado termina em fevereiro deste ano e está orçado em cerca de R$ 10 milhões.

Em nota, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão do governo estadual, informou que está preparando a licitação para construção do piscinão Jaboticabal e que todos os demais reservatórios do ABCD estão em condições operacionais.

“O trabalho de limpeza é realizado de maneira contínua desde fevereiro de 2008, com máquinas trabalhando em cada reservatório de acordo com a necessidade (maior volume de sedimentos e lixo). Todos os reservatórios já foram limpos, no mínimo, três vezes neste período. O governo do Estado já investiu R$ 24,4 milhões no trabalho de limpeza dos piscinões (R$ 7,4 milhões em 2008; R$ 8,7 milhões em 2009; e R$ 8,3 milhões em 2010)”.

Prato com água – Para o professor de mecânica de fluidos do Centro Universitário da FEI, Jorge Giroldo, a construção de reservatórios é a última opção para o combate a enchentes. “Não surtiu o efeito esperado, por conta do volume de água que é muito grande”, disse.

Giroldo não descartou a possibilidade de que cada casa tenha um pequeno reservatório de água de chuva, “que poderá ser utilizada para lavar quintal”, exemplificou.

Ainda de acordo com o levantamento da liderança do PT, o governo estadual não fez investimentos no plano de macrodrenagem da Bacia do Tietê. “Todos os canais em São Paulo convergem para o rio. A Capital é um imenso prato com água, e o único local de vazão da água é o Tietê”, disse o professor da FEI.

De acordo com Giroldo, se há chuvas fortes em dois pontos, em um deles a água ficará represada. “Já vimos isso muitas vezes no córrego Aricanduva, na Capital, e no rio Tamanduateí, no ABCD”, disse.

O governador Geraldo Alckmin esteve nesta quinta com o ministro de Integração Nacionalo, Fernando Bezerra Coelho, e pediu agilidade no envio de R$ 140 milhões do PAC 2 para a construção de quatro piscinões, três no ABCD — Mauá, São Bernardo e o Jaboticabal. 

Do ABCD Maior (Vladimir Ribeiro)