São Paulo tem 290 mil imóveis sem moradores

Número é suficiente para atender todas as famílias que vivem em áreas de risco

O número de domicílios vagos na cidade de São Paulo seria suficiente para atender toda a população paulistana que vive atualmente em áreas de risco, cerca de 130 mil famílias. Há na capital paulista cerca de 290 mil imóveis que não são habitados, segundo dados preliminares do Censo 2010 divulgados na segunda-feira (6). O déficit habitacional, no entanto, é bem maior – são 712 mil famílias, incluindo habitações irregulares ou precárias, como favelas e cortiços.

Os recenseadores do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) encontraram 3,9 milhões de domicílios residenciais na capital, onde vivem 11,2 milhões de pessoas, segundo a coordenadora técnica do Censo 2010, Rosemary Utida.

– Foram contabilizadas cerca de 107 mil casas fechadas, que são aquelas em que alguém vive lá e não foi encontrado para responder ao questionário, mesmo após exaustivas tentativas.

Já as 290 mil residências classificadas como vazias não têm moradores.

O Censo de 2000 já mostrava que a capital tinha mais casas vazias do que gente precisando de um lugar para morar, segundo a urbanista Raquel Rolnik, relatora especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o direito à moradia adequada e professora da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo).

– Em 2000, tínhamos cerca de 420 mil domicílios vagos para um déficit de pouco mais de 203 mil moradias. A oferta de casas vazias era quase o dobro.

Moradia popular
A relatora da ONU avalia que, mesmo que parte desses imóveis precisasse passar por reforma antes de ser destinada à moradia popular, seria possível, pelo menos, reduzir o número de sem-teto. Outros especialistas discordam, como a arquiteta Heloísa Proença, ex-secretária de Planejamento Urbano da prefeitura na gestão Celso Pitta.

– Esses imóveis vagos, mesmo que sejam reformados, não seriam destinados para habitação popular, não seriam para essa faixa da população, mas para renda mais alta.

A declaração aparentemente desconsidera a função social da propriedade defendida em nossa Constituição e também no Estatuto das Cidades.

O secretário municipal de Habitação, Ricardo Pereira Leite, afirma que os imóveis vazios se devem a “um fenômeno que os urbanistas chamam de vacância de equilíbrio”.

– Quando você se muda, seu imóvel antigo está vazio, e o novo também. No Brasil, urbanistas da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo estimam que a vacância de equilíbrio deve ser em torno de 8%. Se for analisar, os 290 mil imóveis vão dar 7,9% do total de domicílios da capital. Em Nova York, uma cidade em que todo mundo quer morar, essa taxa é de 6%.

Do Vermelho, com informações R7