São Paulo: um estado de terror
Em três dias de conflitos, o Estado de São Paulo registrou 180 ataques contra prédios públicos, bases comunitárias da polícia e servidores das corporações militares e civis estaduais, incluindo 56 ônibus e oito bancos. O balanço foi divulgado no começo da tarde de ontem pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Segundo o balanço, 91 criminosos foram presos e 38 foram mortos nos confrontos com a polícia. Também morreram 22 policiais militares, seis policiais civis, três guardas metropolitanos, oito agentes de segurança e quatro cidadãos.
Outras 15 pessoas saíram feridas. O número de policiais feridos, até agora, é de 34. Foram encerradas 44 rebeliões em presídios de todo o Estado. Até às 16 horas de ontem havia rebeliões em outras 29, com um total de 117 reféns. Mais de 77 mil presos se amotinaram.
O governador Claudio Lembo (PFL) disse que há 20 dias tinha conhecimento da ação deste final de semana e afirmou estar com “controle absoluto da situação”.
Terror – Não foi o que se viu ontem. Parte da programação de TV e rádio na tarde de ontem transmitia imagens sobre os ataques e repercutia a situação em entrevistas, o que só fazia aumentar a insegurança e o terror.
Também chegavam notícias à redação da Tribuna de ataques em vários pontos da região do ABC.
Diversas escolas anunciaram a suspensão das aulas na noite de ontem e hoje. Fábricas e lojas também encerraram o expediente mais cedo.
O noticiário das agências era desencontrado sobre um eventual toque de recolher a partir das 22 horas de ontem, com a suspensão do transporte coletivo.
12 organizações atuam nos presídios
Cerca de uma dúzia de organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), atua dentro dos presídios paulistas. Segundo o padre Valdir João, coordenador da Pastoral Carcerária da Igreja Católica, essas organizações ocupam o espaço institucional deixado vago pelo Estado pela ausência de políticas adequadas.
O Padre Valdir João disse que os cerca de 1.400 agentes da sua pastoral não conseguem conversar com os presos sem autorização do líder de cada área dessas organizações nos presídios e também que estão sendo chamados para intermediar negociações para pôr fim a rebeliões.