Saúde para poucos
O número de brasileiros que têm planos de saúde privados na região Sudeste é percentualmente
três vezes maior do que o da região Nordeste.
Um estudo aponta que 35% dos brasileiros do Sudeste têm acesso aos planos de saúde contra apenas 13% no Nordeste, 13% na região Norte, 26% na região Centro-oeste e 30% na região Sul. No Brasil como um todo, cerca de 26% da população (49 milhões de pessoas) têm um plano de saúde, o chamado convênio médico.
Esses dados são de 2008, coletados pela PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e divulgados pelo IBGE, ontem.
O que chama a atenção, no entanto, é que os mais pobres estão quase completamente excluídos de atendimento. Entre aqueles que têm renda maior, quase a metade só tem acesso ao plano de saúde porque ele é totalmente pago pela empresa ou com pequena parcela paga pelo trabalhador.
Eles perdem essa condição quando ficam desempregados ou na aposentadoria.
Essa realidade merece uma grande reflexão.
Invertendo-se os dados, chegamos a estarrecedora realidade em que 74% dos brasileiros e praticamente 90% das pessoas acima de 60 anos, aposentadas ou não, dependem exclusivamente da saúde pública. São 140 milhões de pessoas que têm como única opção de
atendimento o SUS, nosso tão criticado e destruído Sistema Único de Saúde.
Esses números sugerem que a questão da saúde deve ser incluída rapidamente como uma área
estratégica de ação por parte de todas as instâncias da administração pública, com prioridade
na alocação de recursos e, principalmente, com o controle da sociedade e do poder público.
Privatizar a saúde de forma aberta ou disfarçada de fundações públicas de direito privado
é permitir que a saúde do povo brasileiro vire fonte de lucro para esse enorme cartel.
Mais que isso, é acabar com qualquer perspectiva de implantar um sistema de saúde de boa qualidade, gratuito e de acesso universal a todos os brasileiros, como há 22 anos determina a nossa Constituição Federal.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente