Scania: Trabalhadores revivem os 30 anos com protesto
Depois de ato político em comemoração aos 30 anos da greve de 78, os companheiros na Scania fizeram um protesto pela PLR. O espírito daquela luta se mantém pela manutenção dos direitos e pela transformação contínua do Pais.
Depois de participarem
do ato político pelos 30 anos
da greve de 78, os companheiros
na Scania saíram
em passeata pela fábrica e
realizaram um protesto pela
PLR em frente ao prédio da
administração.
“Esse gesto é muito
parecido com aquele de 30
anos atrás. Só que agora paramos
pela reafirmação da
luta dos trabalhadores, pela
ampliação das conquistas e,
especialmente, a manutenção
dos nossos direitos”,
disse Daniel Calazans, diretor
do Sindicato e trabalhador
na montadora.
Os companheiros rejeitaram
a proposta de PLR
na semana passada porque
a fábrica quer introduzir
uma nova metodologia de
cálculo.
Significados –
“Acho que esses 30 anos
não devem ser vistos
com saudosismo. Os valores
que eles despertaram, como
solidariedade e o companheirismo,
devem nortear
a nossa ação”, salientou o
diretor do Sindicato Sérgio
Nobre, ao comentar uma
das heranças da greve de 12
de maio.
A liberdade do trabalhador
poder reivindicar,
como no protesto de ontem,
foi destacada durante o ato
como um dos principais
valores conquistados com a
greve de 1978.
“A partir dali começamos
uma nova relação
com a Scania. Ela passou
a ter mais respeito com o
trabalhador”, disse Valdenilson
Alves de Lira, diretor
do Sindicato, representante
que há mais tempo trabalha
na Scania.
Para o deputado Vicentinho
(PT), a greve foi um
dos gestos de retomada da
luta pela democracia e colocou
a luta dos trabalhadores
na agenda política.
“Hoje, no Congresso,
lutamos para que todos tenham
os mesmos avanços
que vocês aqui no ABC”,
comentou.
O movimento repercutiu
até para a transformação
das cidades do ABC, na opinião
do vereador Wagner Lino
(PT-SBC), que na época
fazia parte da comissão de
salário dos metalúrgicos.
“O processo de luta
contaminou positivamente
as lutas sociais em todo o
ABCD”.
Influência –
Rita Serrano, presidente
do Sindicato dos Bancários
do ABC, acredita que todos
os sindicatos foram influenciados.
“As oposições tomaram
o lugar de diretorias pelegas e construíram entidades combativas, revelando novas lideranças”, recordou.
Agenda do Trabalho Decente recupera idéias de 78
A diretora da Organização
do Trabalho no Brasil
(OIT), Laís Abramo, nota
que a Agenda do Trabalho
Decente da OIT tem uma
relação direta com a greve de
78. A Agenda defende mais
e melhores empregos, direito
de representação sindical,
igualdade e combate à precarização,
entre outros pontos.
“Apesar de uma reivindicação
econômica, a greve
na Scania teve o sentido de
recuperar a dignidade do
trabalhador. Ele era visto
como responsável pela riqueza
do País, mas não tinha
uma recompensa por isso”,
recordou ela, que estudou o
movimento em sua dissertação
de mestrado.
A Agenda do Trabalho
Decente, afirma ela, tem sua
base nos mesmos ideais, que
são a conquista de uma vida
digna.
“A Agenda não cria nada
de novo porque a idéia de
dignidade é patrimônio da
classe trabalhadora”, disse
Laís, no debate que discutiu
os 30 anos, ontem, na Sede
do Sindicato.
Participaram do debate
o ministro Paulo Vannuchi,
da Secretaria de Direitos Humanos,
e Djalma Bom, diretor
do Sindicato em 1978.
“Somos uma
geração vencedora”
Para o ministro Paulo
Vannuchi, a greve na
Scania foi a primeira vitória
de todos os que
lutaram pela derrubada
da ditadura militar. “Foi
a certidão de batismo.
Somos de uma geração
vitoriosa porque a volta
da democracia foi um
fruto daquele movimento”,
considerou ele, que
militou na luta armada e
foi preso político entre
1971 e 1976.
Vannuchi destacou a
importância da memória
da época, mas frisou que
a luta pela transformação
deve olhar para o futuro.
“A luta é sempre amanhã,
ela pauta o presente
que construímos hoje”,
ensinou.
O antes –
Djalma Bom, ex-diretor
do Sindicato, lembrou
que o term