“Se a nossa vida é decidida na política, temos que estar lá para decidir”
Metalúrgicas do ABC cobram mais representação feminina na política para que as pautas das mulheres sejam atendidas
As eleições municipais são mais uma oportunidade de reflexão sobre a relevância da participação feminina na política. Este ano a proporção de candidatas mulheres aos cargos de prefeita, vice-prefeita e vereadora cresceu na comparação com 2020, segundo dados da plataforma de estatísticas eleitorais do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Em 2024 as mulheres são 15% das candidaturas a prefeito em todo o País, 23% das candidaturas a vice e 35% das candidaturas a vereador.
Apesar do crescimento, ainda está muito longe da paridade de gênero. A diretora executiva do Sindicato, Andrea de Sousa, a Nega, reforçou o fato de ainda ser tão presente essa desigualdade e destacou a necessidade de uma maior representação feminina para que, de fato, as pautas das mulheres sejam atendidas.
“Nós mulheres somos 51% da população, mas em representação política esse número é bem inferior. Muitas questões da nossa vida são decididas no âmbito político, por isso se faz tão necessária a representação das mulheres. Se a nossa vida é decidida na política, temos que estar lá para decidir”.
“Se creche fosse prioridade de qualquer governo, mulheres não deixariam de trabalhar por não ter onde deixar seus filhos. Mas como não somos nós mulheres que estamos lá, os homens decidem por nós, em boa parte homens brancos, preconceituosos, machistas e conservadores”, completou.
“Por tudo isso se faz muito importante a participação das mulheres nessas eleições. Assim como mulheres lá atrás fizeram a luta para que pudéssemos votar, hoje nossa luta é para que nós também possamos nos votar”, finalizou.
“A presença feminina na política é fundamental por várias razões, uma delas é a construção de uma sociedade mais justa. As mulheres representam mais da metade da população e suas vozes devem ser ouvidas nas decisões políticas”, reforçou a coordenadora da Comissão das Mulheres Metalúrgicas do ABC, Maria Zelia Vieira Viana.
Mulheres na política em números:
• Segundo o TSE, entre 2016 e 2022, o Brasil teve, em média, 52% do eleitorado constituído por mulheres, 33% de candidaturas femininas e 15% foram eleitas.
• A Alesp (Assembleia Legislativa de SP) conta com 25 deputadas de um total de 94 parlamentares. Trata-se um recorde de participação feminina.
• Na Câmara dos Deputados, há 423 homens e 90 mulheres. Ou seja, mais de 80% de homens.
• Desde o início da República, em 1889, o país teve uma única presidenta, Dilma Rousseff, e 16 governadoras mulheres. Dessas, só oito foram eleitas para o cargo. As demais eram vice-governadoras que ocuparam o posto com a saída do titular.
• Apenas com o Código Eleitoral de 1932, há 90 anos, o voto feminino foi autorizado em todo o Brasil.
• Mulheres comandam apenas 12% das prefeituras brasileiras.
• Se o ritmo do aumento do número de mulheres prefeitas verificado entre 2016 e 2020 for mantido, a expectativa é de que o Brasil leve 144 anos para alcançar a igualdade de gênero.