Segundo turno

A expectativa era de uma vitória, mesmo que apertada, já no primeiro turno. Faltou pouco. Abre-se agora um período de disputa acirrada para escolher qual projeto de sociedade queremos para o Brasil no futuro. O governo Lula indicou o caminho de uma democracia voltada para o combate à desigualdade social e a para a criação de oportunidades para os setores sociais que sempre estiveram excluídos da cidadania. 

O segundo turno cria a oportunidade para se aprofundar este debate e para fortalecer as bases de legitimidade do projeto que obtiver maioria de votos nas urnas.

Aos que apostam na vitória de Lula cabe não apenas defender o projeto de uma sociedade que elimine a fome e a pobreza, mas cabe também aprofundar o debate sobre a necessidade de um processo de reconstrução democrática e republicana das instituições brasileiras.

Uma das mais destacadas pensadoras políticas de esquerda no Brasil, Marilena Chauí, ao fazer a análise da crise política dos últimos meses, afirma que o futuro da democracia no Brasil deveria passar pela construção de instituições públicas que garantam “a existência e a prática de uma ética pública”. Não se deve perder a oportunidade do segundo turno para se fazer este debate, recolocando sob outra ótica o tema que será uma das principais bandeiras da oposição.

Trata-se de promover não a “ética na política” , mas a “ética da política”. Esse processo envolve o debate sobre a natureza e a qualidade de instituições de criação e ampliação da cidadania no campo da justiça distributiva (ampliação e consolidação de direitos sociais, econômicos e culturais), assim como instituições em que se dá a ampliação da cidadania política. Neste campo, além de eliminar os obstáculos ao exercício da representação (clientelismo e políticas de favor, por exemplo), o grande desafio é o de promover a auto-organização da sociedade para que se possam aprimorar os mecanismos de controle social do poder público. Um desafio e tanto para o PT durante o debate no segundo turno e, especialmente, depois da vitória nas urnas.

Departamento de Formação