Seguranças agridem manifestantes no Metrô

Protesto contra aumento da passagem termina em agressões no Centro da Capital

A manifestação desta quinta-feira (17/03) contra o aumento do ônibus na Capital terminou em confronto entre ativistas e policiais na estação Anhangabaú do Metrô, no Centro. Ao final do protesto, agentes de segurança do Metrô reagiram violentamente quando manifestantes aproximaram-se para pular as catracas da estação.

Munidos de cacetes, os agentes dispersaram a multidão, que incluía usuários que passavam pelo local e até jornalistas que cobriam o fato. A reportagem da Rede Brasil Atual foi impedida de se aproximar de um manifestante cercado por agentes e sofreu empurrões ao deixar a estação.

Na 10ª semana consecutiva de protestos, após a concentração no Theatro Municipal e de passar diante da prefeitura, os manifestantes pararam o Terminal Bandeira por cerca de uns 15 minutos no início da noite. Em seguida, caminharam para a avenida Nove de Julho, que ficou paralisada por mais uns 15 minutos. O final do ato seria em frente a Estação Anhangabaú do Metrô.

Gás
Tudo parecia terminado quando alguns manifestantes se direcionaram para as catracas para tomar a condução sem pagar pela passagem. Durante a dispersão dos manifestantes, uma bomba de gás lacrimogênio estorou próximo aos portões da estação. A maior parte do policiamento ostensivo ficou na frente da sede da administração municipal.

O estudante Daniel Makaoskas, de 17 anos, foi atingido no pé enquanto tentava se afastar da estação. “A Polícia chegou e começou a bater em todo mundo, eu tentei correr e não consegui. Até que uma bomba estorou no meu pé na calçada na frente da estação”, conta. Após a entrevista a Rede Brasil Atual, o estudante disse que iria ao hospital para procurar atendimento médico.

De acordo com o capitão Amarildo Garcia, a Polícia Militar estava lá garantindo que a tranquilidade fosse restabelecida. Ele nega que a bomba de gás lacrimogênio tenha vindo de seus homens. “Não houve nenhuma ação da Polícia Militar neste caso; não há o (Batalhão de) Choque aqui, só a força regular”, apontou. Os seguranças do Metrô agiram munidos de cacetetes. Eles não tem autorização para portar outros tipos de armamentos e não têm acesso a qualquer tipo de bomba de efeito moral.

Agressões
O vice-presidente do Movimento População em Situação de Rua, Charles Santos, que chegou no final do ato acompanhando o vereador José Américo (PT), conta que, quando a confusão começou, ele tentou sair do local, mas viu um cinegrafista caído e foi ajudá-lo. “Dois seguranças do Metrô me bateram com cacetetes nos ombros e no rosto. O que mais indigna é que os policiais viram dois seguranças baterem em mim e não fizeram nada”, desabafa.

De acordo com manifestantes, após o confronto na estação, estudantes e usuários que se dirigiram ao Terminal Bandeira para usar o transporte coletivo foram sendo empurrados com cacetetes pela passarela e as escadas do terminal. “Na saída, tinha pessoas sem uniforme dispersando os usuários com uso de força física e sem identificação nenhuma”, acusa um manifestante.

Desmaio
O participante do protesto disse que alguns motoristas e cobradores de ônibus chegaram a ajudar os manifestantes a embarcar, para evitar confrontos. Um rapaz foi agredido e desmaiou no local. Segundo o Movimento do Passe Livre, o jovem foi atendido na Santa Casa de Misericórdia, na região central. Outros manifestantes também foram para o hospital com escoriações e feridas causadas por estilhaços da bomba.

Para o vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, Marcelo Zelic, que acompanhou o protesto, a ação de agentes de segurança da estação Anhangabau do Metrô foi indevida. Ele considera que os seguranças deveriam ter deixado os manifestantes pularem as catracas para evitar problemas.

Da Rede Brasil Atual