Seleção racha e decepciona. Vaia é mais que merecida.

Parreira admitiu a falta de comando sobre o time e afirmou que a seleção brasileira ficou dividida entre veteranos e novatos. Reação dos brasileiros não poderia ser outra senão a vaia.

A torcida não perdoou e dirigiu ofensas pesadas e gestos obscenos aos jogadores e à comissão técnica da seleção brasileira quando a maioria deles embarcava no ônibus para ir ao aeroporto, ainda na Alemanha.

Primeiro foram gritos de “mercenários”. Depois, atletas e dirigentes foram chamados de “pipoqueiros” e “vergonha nacional”. Até que todos se uniram no coro de “vergonha, vergonha, time sem vergonha”.

Um dos principais alvos foi o técnico Carlos Alberto Parreira. Entre os jogadores, o escolhido foi Roberto Carlos, que preferiu seguir de táxi para o aeroporto, extremamente constrangido.

Cenas do lance do gol de Thierry Henry, seguidamente repetidas pela televisão, mostram o lateral de costas para o francês, arrumando a meia.

Quando Roberto Carlos levanta a cabeça, o adversário já comemorava o gol da vitória.

Desespero – Na noite anterior, ainda no hotel, vários jogadores mostraram cenas de desespero. Principalmente os novatos, que não aguentaram e desabaram. Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Robinho choraram muito. Eram consolados pelos mais experientes.

O clima estava tão ruim, que Ronaldinho passou a madrugada em claro pedindo desculpas aos demais.

Um dos mais procurados por sua vivência em momentos difíceis era Ronaldo, que preferiu fretar um jatinho e deixar o hotel pela manhã, junto com a a namorada Raica.

Vários outros nem voltaram para o Brasil. Ficaram em suas casas na Europa.

Parreira admite racha na seleção

Um dia após a eliminação do Brasil, Parreira admitiu que a seleção estava dividida entre os atletas mais velhos e os novatos. “Desde o início tentamos fazer esses talentos jogarem em equipe. Na Copa, não conseguimos”, declarou.

Ainda na Alemanha, ele se viu às voltas com a insatisfação de Kaká, Juninho, Rogério Ceni e Ricardinho, que queriam mudanças no time. Ronaldo, Adriano, Cafu e Roberto Carlos eram os principais alvos.

Só que os atletas antigos, liderados por Cafu e Roberto Carlos, eram contra alterações e falavam diretamente com Parreira. “Mexer nos medalhões sempre é mais difícil”, acabou confessando o técnico.

Apesar das declarações, ele preferiu negar que houvesse tratamento diferenciado. Mas avaliou que a forma como a seleção se despediu da Alemanha, com cada jogador indo para um canto, foi um sinal da falta de união. “Antes, o time saia junto e voltava junto para o Brasil. Agora os jogadores moram na Europa. É tudo diferente”, lamentou.

A Copa do Mundo prossegue hoje com o confrontro entre Alemanha e Itália, às 16h, abrindo as semifinais. Amanhã, jogam Portugal e França, no mesmo horário.