Sem compromissos com o país, bancos continuam pressionando Governo
Mesmo com a liberação de R$ 30 bilhões de reservas de crédito para estimular o financiamento de bens – entre eles os automóveis – anunciada pelo Banco Central no final do mês passado, os bancos privados continuam segurando dinheiro.
A pressão está tão forte, que o governo federal estuda facilitar a retomada de bens em caso de inadimplência.
“Faz tempo que alertamos sobre o papel que os bancos privados desempenham na economia brasileira”, disse o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.
Segundo ele, a disposição destes bancos para a especulação financeira em vez de destinar recursos para o financiamento da produção é extremamente prejudicial ao País.
“É evidente que o sistema bancário privado, de forma geral, não tem compromissos com o desenvolvimento do Brasil”, criticou.
Para Wagnão, a postura destas instituições coloca em risco milhares de empregos, já que sem investimento caem as vendas e a queda nas vendas trava a produção do setor automotivo e de toda a economia do País.
“Ao liberar os R$ 30 bilhões, o governo federal mostrou que está disposto a incentivar a participação dos bancos na retomada da produção”, lembrou.
“No entanto, os bancos continuam pressionando o governo federal, com essa paralisia para obter mais ganhos jogando no mercado financeiro, além dos lucros imensos que eles já têm”, contou Wagnão.
O secretário-geral alertou para as exigências impostas ao governo para atender os bancos.
Entre as medidas debatidas está acabar com a obrigatoriedade da notificação ao cliente inadimplente ser feita pelo oficial de Justiça e permitir que as polícias Militar e Rodoviária apreendam o carro, em uma blitz, por exemplo.
“Os ba ncos ainda querem o bloqueio dos bens de quem atrasar o pagamento dos empréstimos”, informou Wagnão.
“Estamos reféns de um sistema financeiro sem limites”, concluiu o dirigente.
Especulação está na origem dos bancos
Na medida em que ocorreu o surgimento da moeda por volta do ano 4.000 antes do nascimento de Cristo, surgiu o ato de emprestar, tomar emprestado e guardar dinheiro de outros.
Acredita-se que as primeiras operações bancárias da história foram desenvolvidas na civilização fenícia. Entretanto, o nome banco foi concebido pelos romanos. Significava a mesa em que eram realizadas as trocas de moedas.
Com o florescimento do comércio no fim da Idade Média, em torno do ano 1.300, a função de banqueiro se tornou muito comum na Europa.
Nas feiras da Europa Central, quando as pessoas chegavam com valores em ouro para trocar com outro produto, era o banqueiro quem fazia a pesagem de moedas, avaliação da autenticidade e qualidade dos metais, em troca de uma comissão.
Com o passar do tempo, os banqueiros passaram a aceitar depósitos monetários e, em troca, o banco emitia uma espécie de certificado.
Todavia, foi após a percepção de que nem sempre as pessoas retiravam tudo o que haviam depositado, ou seja, sempre haveria dinheiro para circular, que surgiu a ideia de conceder empréstimos mediante o pagamento de juros.
Esta foi a base para o enriquecimento dos banqueiros, que deixaram de ser simplesmente “cambistas”. Foram os negócios das famílias de banqueiros que resultaram no surgimento da maioria dos bancos europeus.
Com o declínio das regiões agrícolas, os banqueiros passaram a viver em centros comerciais conhecidos como burgos. Daí vem o nome da nova classe social que surgiu, a burguesia, que detém e controla todo o poder monetário até hoje.
Da Redação