Sem proposta decente da Fenaban, bancários deflagram greve amanhã (18)

Os bancários fazem assembleias em todo o país nesta segunda-feira (17) para organizar a greve nacional por tempo indeterminado a partir da terça-feira (18), se até lá a Fenaban não apresentar uma proposta que contemple as reivindicações da categoria sobre remuneração, emprego, saúde e condições de trabalho, segurança e igualdade de oportunidades.

Seguindo orientação do Comando Nacional, coordenado pela Contraf-CUT, os bancários rejeitaram a proposta dos banqueiros de 6% de reajuste (apenas 0,58% de aumento real) nas assembleias realizadas na quarta-feira 12 e deflagraram a greve a partir de terça.

A Contraf-CUT enviou carta à Fenaban no dia 5 para informar sobre o calendário de mobilização e reafirmar a importância de se buscar um acordo negociado. Mas até agora os bancos não deram nenhuma resposta. Clique aqui para ler a carta aos bancos.

´Bancários estão indignados´

“Os bancários vão à greve porque estão indignados com a postura mesquinha e gananciosa dos bancos. São o setor mais rentável da economia, continuam batendo recordes de lucratividade mesmo maquiando os balanços, premiam seus altos executivos com remuneração milionária cada vez maior, enquanto p

agam aos bancários salários mais baixos que nos países vizinhos e ainda fazem uma proposta de reajuste que é inferior à quase totalidade dos acordos salariais assinados no primeiro semestre por setores da economia menos rentáveis”, explica Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

Os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC) tiveram R$ 25,2 bilhões de lucro líquido no primeiro semestre, mesmo lançando nos balanços R$ 39,15 bilhões como provisões para devedores duvidosos. “Esse é um disparatado truque contábil, porque a inadimplência cresceu apenas 0,7 ponto percentual no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado e está com viés de baixa”, acusa Carlos Cordeiro. Clique aqui para ver como funciona a maquiagem.

Pesquisa do Dieese revela que 97% dos acordos salariais do primeiro semestre no país contêm aumentos reais de salário, quase todos acima da proposta de 0,58% apresentada pela Fenaban na penúltima rodada de negociação, no dia 28 de agosto. Confira aqui o estudo do Dieese .

A proposta da Fenaban também é uma completa contradição com a política de remuneração anual dos altos executivos dos bancos. Segundo dados fornecidos pelos quatro maiores bancos à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), os diretores estatutários terão um reajuste de 9,7%, o que representa aumento real de 4,17%. Cada diretor do Bradesco embolsará este ano R$ 4,43 milhões. O do Santander, R$ 6,2 milhões. E o do Itaú, R$ 8,3 milhões no ano. Leia aqui .

É um contraste gigantesco com o piso dos bancários, hoje de R$ 1.400. Esse piso, que equivale a 681 dólares, é menor do que o salário de ingresso do bancário uruguaio (1.089 dólares) e argentino (1.200 dólares), segundo levantamento feito pela Contraf-CUT.
 
“Vejam que situação perversa. Aqui estão os maiores lucros dos bancos e as mais altas remunerações dos executivos, junto com os salários mais baixos dos trabalhadores. São práticas inadmissíveis como essas que tornam o Brasil um dos 12 países mais desiguais do mundo e a quarta pior distribuição de renda da América Latina”, critica o presidente da Contraf-CUT.

As principais reivindicações dos bancários

● Reajuste salarial de 10,25% (aumento real de 5%).
● Piso salarial de R$ 2.416,38.
● PLR de três salários mais R$ 4.961,25 fixos.
● Plano de Cargos e Salários para todos os bancários.
● Elevação para R$ 622 os valores do auxílio-refeição, da cesta-alimentação, do auxílio-creche/babá e da 13ª cesta-alimentação, além da criação do 13º auxílio-refeição.
● Mais contratações, proteção contra demissões imotivadas e fim da rotatividade.
● Fim das metas abusivas e combate ao assédio moral
● Mais segurança
● Igualdade de oportunidades.

Do Contraf Cut