Sem reforma política, casos como o de Renan podem se repetir
Uma Constituinte para promover
reforma política que acabe com as
distorções do modelo democrático.
Essa é a proposta do ex-deputado
federal Luiz Eduardo Greenhalgh.
O ex-deputado federal
Luiz Eduardo Greenhalgh
defendeu a realização
de uma Constituinte para
promover uma reforma política
que acabe com o que
ele chama de distorções do
modelo democrático.
“Hoje, são as empresas
que controlam o Congresso
e os deputados passaram a
ser despachantes de interesses
privados. Com isso, o Legislativo
não legisla”, analisou.
Segundo ele, são distorções
como essa no sistema político
que permitem o surgimento
de crises como a do senador
Renan Calheiros.
Para Greenhalgh, o problema
não está só no Congresso,
já que outras instituições
também não exercem
por completo as suas funções
constitucionais.
Papéis invertidos – Ele lembrou que uma
parte do Ministério Público
quer fazer as prerrogativas
da polícia. Ao mesmo tempo
setores do Poder Judiciário
deixam de lado a lei para
captar o senso comum, o
que significa que as decisões
são cada vez mais políticas e
menos jurídicas.
“É por isso que a vida
política se transformou em
uma sucessão de crises”,
afirmou. Ele comentou que
o governo Lula é estável,
pois promove crescimento e
redistribuição de renda, mas
é uma estabilidade econômica
dentro de uma instabilidade
política.
O ex-deputado também
pede uma reforma na administração
federal, acabando
com a grande quantidade
de cargos de confiança, que
são nomeados e não dependem
de concurso público.
Ele disse que os servidores
públicos precisam trabalhar
para o Estado e não para os
governos.
Isso cria um círculo
vicioso, pois o Executivo,
para ter aprovado seus projetos,
absorve indicações do
Legislativo para compor a
máquina administrativa.
Sem o fim dessas distorções,
acredita Greenhalgh,
as crises políticas vão
continuar. Mesmo porque
a elite vai continuar fomentando
crises para pegar o
presidente Lula.
Modelo esgotado – E a mídia, comprometida
com a elite, distorce as
informações.
“A máquina de fazer
crises vai fazendo suas vítimas
e ninguém coloca o
dedo na ferida”, critica ele.
De acordo com Greenhalg,
a população, apática,
assiste a tudo sem entender
nada, a classe média se afasta
da formação de valores sociais
e os ricos inflam a crise
porque dela se aproveitam.
Para ele, se ninguém
tiver vontade de fazer uma
nova Constituinte e nem a
reforma política, as distorções
vão se consolidar.
“Considero que essa situação
não dure por muito tempo,
pois esse é um modelo que está
se esgotando”, concluiu.