Seminário vai apresentar experiências internacionais de recuperação de fábricas
O Sindicato realiza hoje, das 8h30 às 13h, o Seminário Internacional “Experiências de Fábricas Recuperadas por Trabalhadores na Argentina, Brasil, Espanha e Itália”. O evento será no 3º andar da Sede e é voltado aos trabalhadores na Karmann-Ghia, em São Bernardo, que desde maio ocupam a fábrica abandonada pela direção da empresa em defesa dos seus direitos. A atividade integra o processo de formação que vem sendo oferecido pelo Sindicato para dar suporte aos trabalhadores para futuras decisões sobre a fábrica desativada, com discussão de alternativas para o futuro, incluindo opções que viabilizem a continuidade das operações da fábrica por meio de autogestão ou cooperativa.
Já foram realizadas rodas de conversa, palestras e dinâmicas em grupo. O objetivo do Seminário é ampliar a discussão com experiências internacionais exitosas, que poderão ajudar no processo de formação. “Os trabalhadores terão a oportunidade de conhecer experiências que deram certo a partir do depoimento de quem efetivamente esteve à frente desses empreendimentos solidários”, afirmou o presidente do Sindicato, Rafael Marques. “A economia solidária tem suas especificidades e é importante que os trabalhadores entendam seu funcionamento, saibam o que é, de verdade, ser ao mesmo tempo trabalhador e gestor de um projeto”, destacou.
O Sindicato tem experiência no apoio a iniciativas de recuperação de fábricas e formação de cooperativas. No início do ano 2000, quando muitas fábricas da base sofriam os impactos da crise dos anos 1990, a entidade participou da criação da Unisol Brasil, a Central de Cooperativas e Empreendimentos Solidários. A entidade deu origem a uma série de empreendimentos solidários, entre eles a Uniforja, atualmente a maior fabricante de anéis e conexões de aço forjado da América Latina. Na avaliação do presidente, o momento atual pede que as entidades se voltem para a busca de alternativas para o enfrentamento da crise de forma criativa e responsável.
“A economia solidária, em algumas situações, pode ser um caminho. Vale a pena iniciarmos uma discussão nesse sentido”, defendeu. Para o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Caramelo, a formação é importante para que os trabalhadores saibam das possibilidades. “Conhecer os caminhos já trilhados é fundamental para identificar erros e acertos que já tiveram, a viabilidade do projeto e a vontade dos trabalhadores”, disse.
O seminário tem como tema central as experiências brasileiras e internacionais e será dividido em duas mesas. Na primeira, serão apresentadas as iniciativas realizadas no Brasil, na Argentina e Espanha e, na segunda, as experiências italianas. O evento é promovido em conjunto pela Unisol Brasil e a Nexus Itália, entidade de cooperação e apoio ao desenvolvimento, ligada à Confederação Geral Italiana do Trabalho, a CGIL.
HISTÓRICO – A Karmann-Ghia foi ocupada pelos trabalhadores em 13 de maio, após o abandono da fábrica pela direção da empresa. Na época, um parecer da justiça favorável aos antigos proprietários gerou um impasse em relação ao real dono da autopeças.
Os companheiros estão sem receber salários e benefícios desde dezembro de 2015. A ocupa- ção tem o objetivo de garantir a preservação do maquinário da empresa, como garantia de pagamento dos direitos aos metalúrgicos. No final de junho, após aprovação dos trabalhadores, o Sindicato entrou com pedido de falência da empresa, considerado a melhor alternativa para viabilizar o recebimento dos direitos trabalhistas.
Da Redação