Senado italiano cassa mandato do ex-premiê Silvio Berlusconi

Berlusconi foi condenado em agosto deste ano a quatro anos de prisão por fraude fiscal

Líder da direita no país perdeu imunidade parlamentar, porém afirmou que continuará na vida política

O Senado italiano aprovou ontem (27) a cassação do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi do Parlamento italiano em razão de uma recente condenação por fraude fiscal. O plenário alta rejeitou nove propostas apresentadas por senadores fiéis ao líder da direita no país para não aplicar contra ele a chamada “lei Severino”, que estabelece a expulsão do Parlamento dos condenados a penas superiores a dois anos de prisão. O anúncio foi feito pelo presidente da Casa, Pietro Grasso.

Berlusconi é líder do Força Itália, antigo Povo da Liberdade (PdL), partido de direita que se dividiu e perdeu força ao trocar de lado e passar a fazer oposição ao governo do atual primeiro-ministro Enrico Letta, de centro-esquerda. Ele foi condenado a quatro anos de prisão por fraude fiscal no processo que ficou mundialmente conhecido como Mediaset.

O Supremo Tribunal italiano manteve, em 1º de agosto, a sentença de quatro anos de prisão para Berlusconi por fraude fiscal.

Antes da votação, em frente a uma multidão de seguidores, Berlusconi, que se diz perseguido pela esquerda, disse que hoje “é um dia amargo para a democracia” e que sua sentença judicial “clama por vingança diante Deus”. “O Senado, ou melhor, não todo o Senado, mas os nossos aliados de governo, se precipitaram nessa sentença para pedir a minha cassação. (…) É uma magistratura judiciária a favor do socialismo e contra o capitalismo burguês”.

O ex-premiê, que também é dono de emissoras de TV e presidente de honra do Milan, apresentou seus planos para as próximas eleições no país. Ele garante que não vai se afastar da vida política e continuará no comando do Força Itália.

Ele disse ainda ter “absoluta certeza de que, ao fim da revisão do processo e dos novos recursos, haverá a reversão da sentença e sua completa absolvição”.

Com a expulsão do Senado, ele perde a imunidade parlamentar para enfrentar outros julgamentos no qual é réu.

Quadro político italiano

Mesmo com a saída do Força Itália do governo, Letta conseguiu se manter graças ao apoio do Nova Centro-Direita, grupo oriundo do PdL que contrariou as ordens de Berlusconi em abandonar o governo. Eles são liderados pelo vice-presidente do governo e ministro do Interior, Angelino Alfano, e conta com 30 senadores.

No entanto, a nova maioria tem apenas seis votos a mais do que a oposição. Ela é formada pelo Partido Democrata (PD, centro-esquerda), de Letta, pelo Escolha Cívica (centro, em apoio às medidas de austeridade) e o Novo Centro-direita. Conta com 167 senadores, enquanto a oposição, composta pelo Movimento Cinco Estrelas (independente), Liga Norte (extrema-direita) e Força Itália, mais outros pequenos grupos, somam 161 cadeiras.

Letta também poderia contar com os votos dos cinco senadores vitalícios, mas nem todos participam das votações devido à idade avançada.

A situação na Câmara, no entanto, é mais tranquila, e a nova maioria conta com 386 votos, 70 a mais que a oposição.

Da Rede Brasil Atual