Senadores entregam ao STF notícia-crime contra Bolsonaro na compra de vacina indiana
Revelações à CPI da Covid apontam que presidente não tomou providências ao ser avisado sobre irregularidades. Também há indícios de favorecimentos a laboratórios e corrupção na intenção de compra da vacina chinesa Convidecia
Depois das revelações feitas pelos irmãos Miranda à CPI da Covid de que o governo sabia das irregularidades ocorridas no contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin, senadores da Comissão apresentaram ontem notícia-crime ao STF (Supremo Tribuna Federal) contra Bolsonaro.
O presidente é acusado de prevaricação, por não ter tomado providências cabíveis, após ter sido avisado pelos irmãos de suspeitas de irregularidades ocorridas no contrato de aquisição do imunizante.
Mesmo antes de o imunizante ter aprovação emergencial da agência reguladora na Índia, em janeiro deste ano, Bolsonaro enviou uma carta ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pedindo celeridade na liberação da Covaxin.
“O que nos causa ainda mais revolta e indignação é que de um lado vemos milhares de pessoas morrendo, outras passando fome, morando na rua, pessoas desempregadas, uma briga danada para ter um auxílio-emergencial. Do outro, um grupo, incluindo o presidente da República, que provavelmente lucrou com a compra de uma vacina sem autorização da Anvisa.
Além do negacionismo, temos agora o ‘negócionismo’”, analisou o secretário-geral do Sindicato, Moisés Selerges.
“A sociedade não pode ficar quieta diante de uma situação dessa, tem que responder à altura, essa é uma agressão ao povo brasileiro. Fico imaginando aqueles que perderam uma pessoa querida, ouvindo uma notícia dessa. A CPI, o parlamento e o judiciário têm que cumprir o seu papel. Está praticamente escancarada a corrupção. Junto a outros movimentos e com a sociedade organizada, vamos mostrar a nossa indignação”, completou.
Tráfico de influência
No início do mês, o senador Rogério Carvalho (PT-SE), integrante da CPI da Covid, apresentou denúncia à PGR (Procuradoria-Geral da República) contra Bolsonaro, por favorecer dois laboratórios brasileiros fabricantes da hidroxicloroquina. Em abril do ano passado, Bolsonaro havia telefonado para o primeiro-ministro da Índia, fazendo um “apelo” pela liberação dos insumos para a fabricação dos medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19.
Corrupção muito maior
Nesta semana, a Comissão deve apreciar novos requerimentos de informação e de convocação para realizar uma “devassa” no Ministério da Saúde. Os parlamentares devem ouvir novamente, agora em sessão secreta, o servidor Luís Ricardo Miranda, chefe da divisão de importação do Ministério da Saúde.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, no último domingo, 27, seu irmão, o deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), disse que o esquema de corrupção no Ministério da Saúde pode ser “muito maior”. Seu irmão teria documentos que indicam operação “100% fraudulenta” para a compra de testes de Covid-19.
Vacina Convidecia
Além das suspeitas de irregularidades na compra da Covaxin, também há indícios de corrupção na intenção de compra da vacina chinesa Convidecia.
No mês passado, o Ministério da Saúde assinou intenção de compra de 60 milhões de doses desse imunizante, ao custo de 17 dólares a dose. No total, o contrato supera a cifra dos R$ 5 bilhões. Essas negociações envolveriam o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), os empresários Carlos Wizard e Luciano Hang.
Com informações da Rede Brasil Atual