Sete mil trabalhadores aprovam luta a favor do emprego e produção na Mercedes

Trabalhadores na Mercedes em assembleia na Sede do Sindicato 

Mais de sete mil trabalhadores na Mercedes-Benz, em São Bernardo, aprovaram comprometimento de luta pelo emprego e produção na montadora na região com greves e passeatas. A assembleia aconteceu neste domingo pela manhã, dia 15, na Sede do Sindicato.

“Estamos em estado de alerta permanente e preparados para dois movimentos importantes. Mesa de negociação, para discutir alternativas para a fábrica, e mobilização, para que nada saia da Mercedes sem ter outra coisa no lugar e que assegure os empregos dos trabalhadores”, enfatizou o secretário­-geral da CUT, Sérgio Nobre.

O dirigente alertou os companheiros que não faltará competência por parte da militância da categoria nem disposição para a luta. “O processo será longo, mas vitorioso. Não acreditem em boatos. Nestes momentos, a fábrica deixa de ser produtora de caminhões, para ser produtora de fofocas. Isso não ajuda a nossa luta e, muitas vezes, estes boatos são implantados pela própria empresa.  O único canal de informação é a representação dos trabalhadores na fábrica”, analisou.

Problema é grave
O diretor de Comunicação do Sindicato e membro do CSE na Mercedes, Valter Sanches, afirmou que a empresa não vai assistir a sua participação no mercado cair sem atacar as condições de trabalho dos companheiros.

“Nós não somos sindicato avestruz, que vê um perigo e enfia a cabeça na terra para fugir do problema. Nosso Sindicato tem responsabilidade com todos os empregos da base e atuamos muito para discutir com o governo medidas e reaquecer o mercado de caminhões, que teve um revés”, disse Sanches.

“Há dez anos, a Mercedes tinha 35% de participação no mercado, hoje 25%. Nós temos, pelo menos, mais cinco montadoras de caminhões que estão anunciando novos investimentos no Brasil e construindo fábricas para dividir o mercado brasileiro que é atraente”, completou.

Sanches analisou ainda que o problema é muito grave e a categoria tem que estar preparada. “A pior coisa que pode acontecer são os companheiros de determinadas áreas acharem que estão seguros. Mas não, e todos podem ser prejudicados. Vamos discutir o que for necessário para reduzir custos, melhorar a competitividade da empresa, mas não sai nenhum parafuso desta fábrica que não seja negociado e tenho outro para repor no lugar”, concluiu.

Regime automotivo
Já o presidente do Sindicato, Rafael Marques, lembrou que o debate na Mercedes veio no momento em que o Brasil tem um regime automotivo que é mérito dos Metalúrgicos do ABC. “Hoje fazemos uma luta pelo conteúdo local de peças e sabemos que as montadoras negociam com o governo para retardar a rastreabilidade de conteúdo nacional, que não interessa a eles”, explicou o presidente.

Rafael citou que só em 2013 a compra de peças importadas pelas montadoras e sistemistas aumentou em 21%, mas a venda de carros importados caiu 15%. “Isso aconteceu porque o regime automotivo já tem regras para a importação, mas não tem regras para conteúdo local. E isso tem que mudar para que haja um revigoramento da cadeia automotiva como um todo”, disse.

Durante a assembleia, o diretor de Administração do Sindicato, Teonílio Monteiro da Costa, o Barba, avisou aos trabalhadores que a primeira resposta que a categoria tem que dar contra a empresa é organização com mobilização. “Nossa categoria está em estágio avançado para construir sem reduzir direitos dos trabalhadores e negociação que consiga viabilizar ainda algumas coisas que a empresa quer, como nós conseguimos fazer na Ford com sucesso”, contou Barba, que também é CSE na Ford.

O presidente da CUT-SP, Adi dos Santos Lima, o deputado federal Vicentinho (PT) e a deputada estadual Ana do Carmo (PT) participaram da atividade.

 

Da Redação