Setor agrícola puxará vendas de caminhões e seguimento começa a reagir
Montadoras controlam a produção; exportação continua a ser o ´calcanhar de Aquiles´ em meio à crise.
No atacado, venda de caminhões subiu 8,7% em janeiro (Foto: Divulgação)Corte de vagas temporárias, programa de demissão voluntária e férias coletivas marcaram o início do ano para o segmento de caminhões no Brasil. Embora, as medidas tenham sido adotadas pelas montadoras para adequar as linhas de produção ao novo ritmo do mercado – que chegou a mais de 18 mil unidades produzidas em outubro de 2008 e caiu para 5.958 unidades em dezembro – o setor deverá prosperar este ano, com foco nas vendas do mercado interno.
Estímulos não faltam: o setor agrícola – que demanda metade da produção nacional de caminhões – está com perspectivas positivas para este ano, o governo reduziu em 5% o IPI sobre veículos pesados e o BNDES deixou mais vantajosa a linha de crédito Finame (Financiamento de Máquinas e Equipamentos), já que o valor total do veículo pode ser parcelado.
“Vemos um cenário de redução de 10% a 15% das vendas totais de caminhões em relação a 2008, que teve crescimento muito forte. Entretanto, esperamos um resultado 15% superior ao de 2007, o que é considerável. Isso vai depender da evolução da agricultura”, afirma o diretor comercial da Iveco (Fiat), Alcides Cavalcanti.
Preocupação está nas exportações
Com a crise financeira internacional, o ´calcanhar de Aquiles´ das fabricantes de caminhões são as exportações. Para se ter uma idéia, em janeiro de 2008 o Brasil vendeu no mercado externo 1.952 caminhões e, em dezembro, 1.388 unidades. Quando comparado com as vendas externas de janeiro deste ano, de 777 unidades, a queda chega a 44% e 60,2%, respectivamente.
De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, a “forte queda” afeta diretamente as exportações em valores, já que o retorno financeiro de uma unidade de caminhão é bem maior que o de uma unidade de automóvel, por exemplo.
Fevereiro
Tradicionalmente, as vendas de caminhões no final do ano é menor porque o período é de pouca carga transportada. Porém, os efeitos da sazonalidade foram agravados pela crise internacional, o que forçou as montadoras a reajustarem a produção.
No entanto, a perspectiva é de melhora em fevereiro, já que o mercado começou a retomar a força em janeiro, quando foram vendidas 6.669 unidades de caminhões no atacado, crescimento de 8,7% sobre dezembro de 2008.
Na opinião do diretor comercial da Iveco, o que impulsionará as vendas em fevereiro é a redução do IPI, já que muitas empresas de transportes decidiram antecipar os investimentos para aproveitar o benefício. “O caminhão velho é gera um custo alto para as empresas, que agora adiantam a compra para conseguir a redução de IPI, que no caso é de 5% sobre o preço do caminhão”, observa.
Financiamentos
E o crédito para as empresas irem às compras vem do governo, por meio do Finame. De acordo com o gerente financeiro da Scania do Brasil, Roberto Martins, 90% dos negócios fechados pela montadora são pelo Finame, o resto é leasing e CDC (Crédito Direto ao Consumidor).
Embora confirme a força da linha do BNDES, Martins observa também o aumento da procura por consórcios. “Isso é histórico, quando há uma crise o consórcio sempre se torna uma modalidade mais vantajosa”, observa. Segundo ele, neste ano a participação dos consórcios no mercado deverá ficar em 15%, os financiamentos entre 75% e 78% e o restante para os pagamentos à vista ou com cartão de crédito.
Para Alcides Cavalcanti, da Iveco, é possível ampliar ainda mais o consumo interno de caminhões, seja por autônomos ou não, com mais incentivos no Finame e com o prolongamento da redução de IPI, prevista para terminar no dia 31 de março.
“Poderia haver um alongamento dos prazos de financiamento do Finame. No máximo se compra um caminhão em cinco anos. Se ampliar isso para seis a sete anos, as parcelas são reduzidas, o que facilita muito”, destaca. Segundo Cavalcanti, atualmente a média financiada é de 60 meses, mas já chegou a 72 meses no Brasil.
Do G1