Setor de autopeças deve fechar ano com deficit recorde, diz Sindipeças
O presidente do Sindipeças (sindicato das indústrias de autopeças), Paulo Butori, disse nesta segunda-feira que a balança comercial do setor de autopeças deve fechar com novo deficit recorde neste ano.
“No ano passado, fechamos com deficit de US$ 3,54 bilhões. E neste a previsão é fechar com US$ 4,5 bilhões”, afirmou, durante o 2º Fórum da Indústria Automobilística, que ocorre em São Paulo (SP).
O deficit no primeiro bimestre deste ano foi de US$ 715,3 milhões, superior ao registrado em igual período do ano passado, quando chegou a US$ 701 milhões.
Para este ano, Butori projeta importação de 750 mil veículos (incluindo os associados à Abeiva) e exportações entre 600 mil e 700 mil veículos.
O setor vai se reunir no início de maio com o ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento, Indústria e Comércio) para discutir medidas que possam ser adotadas para aumentar a competitividade das autopeças. No final do ano passado, o Sindipeças e outras 15 entidades encaminharam propostas ao governo, e agora devem entregar oficialmente o plano no dia 4 de maio.
No documento, os empresários querem discutir a desoneração da folha de pagamento (para reduzir custos trabalhistas), financiamento de longo prazo para os fabricantes conseguirem melhores ganhos de produtividade, revisão da classificação da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) para combater irregularidades na importação de peças (especialmente para o mercado de reposição) e regras do Inmetro para garantir a qualidade das importações realizadas pelas empresas brasileiras.
Entre as sugestões também está a criação de um fundo para que empresas, principalmente as de pequeno e médio portes, tenham ajuda para obter garantias na hora de fazer empréstimos com os bancos.
“A ideia é ter um fundo garantidor, como existe, por exemplo, o PróCaminhoneiro do BNDES. Esse fundo ajuda os caminhoneiros na hora de avalizar os empréstimos dessas empresas”, disse.
Mais transparência
Para Flavio Del Soldato, diretor da Automotiva Usiminas e membro do conselho de administração do Sindipeças, uma das questões mais importantes para o setor é a definição de critérios para que a importação de componentes seja cada vez “transparente”.
“Se uma empresa brasileira compra da Argentina ou do México, hoje não é possível saber se entre aqueles componentes têm outros de origem desconhecida”, diz Del Soldato.
O que ocorre hoje, segundo ele, é uma triangulação: a importação de componentes de países que não têm acordo automobilístico com o Brasil, mas que se aproveitam de regras estabelecidas por exemplo no Mercosul.
“Não há controle das importações”, afirmou.
Recentemente, o setor identificou uma importação de rolamentos por US$ 0,05 o quilo. “Ou seja, o custo do produto era importado manufaturado era menor do que o custo do quilo do aço usado em sua fabricação”, disse o executivo.
Da Folha Online