Setor de caminhões passa por renovação de produtos, mas é impactado por juros
Modelos zero-quilômetro disponíveis no mercado nacional emitem menos poluentes
Após um intenso ciclo de renovação de frota registrado na virada do ano, o setor de caminhões espera por um período de acomodação dos negócios. Houve alta de 8,53% nas vendas no primeiro bimestre em relação ao mesmo período do ano passado, com 18.040 unidades emplacadas. O resultado, contudo, é atribuído a compras realizadas em dezembro.
A evolução tornou os caminhões mais caros, com aumentos estimados entre 10% e 20%. Por outro lado, há a melhora na eficiência energética. Roberto Cortes, presidente e CEO da VWCO (Volkswagen Caminhões e Ônibus), afirma que os novos caminhões oferecem uma melhora de 10% em produtividade devido a pontos como redução no consumo de diesel. Há também os ganhos ambientais, com redução de 80% nas emissões de NOx (óxido de nitrogênio) e de 50% na de particulados.
Embora a maior preocupação com questões ambientais e sociais estimule a venda de veículos pesados mais eficientes, o aumento nos preços e a taxa de juros prejudicam o mercado. “O caminhão é um investimento, precisa dar um retorno muito bom, e a equação atual prejudica, [a taxa de juros] é um inibidor”, diz Cortes, que está à frente da marca que mais comercializou veículos pesados ao longo de 2022.
“O Finame tem hoje uma taxa muito parecida com a praticada em outras modalidades de crédito disponíveis no mercado, nós advogamos uma linha com juros menores e o Finame também para o caminhão usado.” A sigla mencionada pelo presidente da VWCO se refere à Agência Especial de Financiamento Industrial, braço do BNDES que fornece crédito a setores ligados à cadeia produtiva. Para Alcides Cavalcanti, da Volvo, é preciso que o Governo Federal dê sinais claros sobre seus planos para os setores mais relevantes da economia.
Da Folha de São Paulo