Setor de máquinas agrícolas espera boas vendas em 2011
Os rumores de uma alta nos juros cobrados pelo PSI, oferecido pelo BNDES para a compra de máquinas, não alteram a perspectiva favorável do setor de equipamentos agrícolas.
Operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o Programa de Sustentação do Investimento acabaria em março de 2011, mas o governo decidiu prorrogá-lo na semana passada.
A taxa cobrada para a compra de máquinas e equipamentos, incluindo maquinário agrícola, é de 5,5% ao ano. Com o início de um ciclo de alta nos juros, há receio entre os produtores de que o governo possa reajustar essa taxa.
O diretor da comercial da empresa AGCO no Brasil Carlitos Eckert acredita que a alta vai apenas causar um susto inicial. “O reajuste vai ter mais um impacto psicológico”, afirma. “Pelo desempenho das commodities, não vai fazer tanta diferença”.
A empresa, conhecida pela marca Massey Ferguson, participou do Show Rural Coopavel, primeira das grandes feiras agrícolas do ano, que sinaliza o desempenho do setor.
Segundo o diretor da AGCO, os programas de financiamento e o bom momento da safra, que esse ano vai ser recorde, desenham um cenário positivo para as máquinas agrícolas. Para 2011, o diretor espera que as vendas ultrapassem 50 mil unidades em todo o setor. “O desempenho deve repetir o que foi visto no ano passado, que foi muito bom”.
O financiamento barato foi um dos fatores que estimulou as vendas. O PSI foi criado em 2009, como principal ferramenta do governo para estimular o setor de máquinas e equipamentos, um dos mais afetados pela crise financeira.
O programa financia máquinas, implementos agrícolas e equipamentos de automação, e se restringe a máquinas novas, destinadas à produção agropecuária e produzidas no Brasil.
“A rentabilidade desta safra vai ser tão boa que achamos que vai compensar ou suprir a alta nos juros”, afirma César Di Luca, diretor comercial da Case IH no Brasil.
A maior demanda do setor não é uma taxa de juros mais baixa, mas estabilidade nos programas. “Se você compara com os demais países da América Latina, os juros ainda estão muito baixos”, afirma César. Desde a criação, o PSI tem caráter provisório, dependendo de renovações periódicas. A falta de regularidade na política cria instabilidade no mercado.
“Esse é um problema de não haver um programa de longo prazo”, diz Carlito Eckert. “O mercado oscila a cada renovação”.
Já do lado dos produtores, a confusão atrapalha a decisão de investir. Muitos se apressam e antecipam as compras movidos pela perspectiva de término do programa, apenas para verem os prazos serem prorrogados mais uma vez.
“Todo fim de programa tem a pressão do vendedor para comprar antes que acabe o subsídio”, afirma Ricardo de Carli, produtor de soja e milho no Paraná. Segundo o agricultor, o correto é esperar e não realizar a compra.
O programa Mais Alimentos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), voltado a pequenos produtores, é outro fator que deve contribuir para um ano bom para os fabricantes de máquinas. Criado em 2008, o programa oferece juros subsidiados de 2% ao ano, para financiamentos até 130 mil, e o setor não vê sinais de saturamento no mercado.
“O Mais Alimentos arrancou bem na região Sul, mas você tem todas as outras regiões do país para desenvolver”, afirma Carlito. A perspectiva da empresa é de ampliar a participação entre os pequenos produtores, atingindo 40% em 2011.
Do Brasil Econômico