Setor de pesquisa comemora ´medida enérgica´ no IPI de automóveis
O aumento de 30 pontos percentuais no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos automotores, anunciado ontem pelo governo e que prevê um incentivo maior às indústrias automotivas estaladas no Brasil, agradou à Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica (Protec). Para Roberto Nicolski, diretor geral da Protec, o governo tomou “uma medida enérgica”.
De acordo com o anúncio feio pelo ministro da Fazenda Guido Mantega, as montadoras que fabricarem veículos com mais de 65% das peças produzidas no país, atenderem ao menos seis de 11 requisitos para fabricação interna dos carros e mantiveram centros de desenvolvimento tecnológico no Brasil, estarão livres do aumento do IPI. A medida deve fomentar os investimentos em pesquisa e desenvolvimento, segundo Nicolski.
“Foi um passo relevante, desde que fique mais bem caracterizado como as empresas terão que realizar esse investimento. Como o lado fiscal vai desestimular a importação, espera-se que as montadoras ampliem sua capacidade de pesquisa no país, criando recursos humanos capacitados mais qualificados”, afirmou.
O governo definiu que as montadoras devem investir 0,5% da receita em pesquisa e desenvolvimento para não entrar na faixa de aumento do IPI. De acordo com Nicolski, as quatro grandes do país – Fiat, Volkswagen, GM e Ford – já possuem núcleos de pesquisa em solo nacional. O anúncio deve forçar as empresas japonesas e coreanas a montarem um centro com pesquisadores. “O motor flex, por exemplo, foi desenvolvido aqui, por duas empresas estrangeiras.”
A Protec, no entanto, pede que o governo estenda a medida de incentivo à pesquisa a outros setores da indústria. “Lamento que só tenham feito isso com a indústria automobilística, que tem forte lobby junto ao governo”, concluiu Nicolski.
Do Valor Econômico