Setor industrial puxa crescimento de PIB paulista

 

Com avanço de 3,8% em janeiro na comparação com dezembro, na série com ajuste sazonal, a indústria foi a principal responsável pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de São Paulo, segundo dados divulgados ontem pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Fundação Seade). O PIB paulista cresceu 2,1% de dezembro para janeiro e 3,6% na comparação com janeiro do ano passado, mais que o Brasil, se for considerado o índice de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br, que indicou alta de 1,29% em janeiro sobre dezembro e 2,73% confrontado com janeiro do ano passado. O anúncio fez parte do novo projeto da Seade, que já divulgava o PIB trimestral de São Paulo, de passar a divulgar o dado mensalmente a partir de agora.

“O primeiro mês do ano indica para uma retomada dos investimentos”, disse Vagner Bessa, gerente de indicadores econômicos da Fundação Seade e coordenador do levantamento. “Quando o país está forte em consumo, o Nordeste cresce absurdamente, mas quando está forte em investimentos, quem cresce é o Sudeste”, explicou.

Bessa destacou que, além de representar cerca de um terço da economia do país, o Estado de São Paulo tem algumas particularidades que reforçam a sua importância como termômetro da atividade nacional: é berço de 42% da indústria de transformação e, com ela, da maior parte da produção de maior valor agregado, e responde por 57% da indústria nacional de máquinas e equipamentos, a primeira a crescer quando as empresas voltam a investir e ampliar ou modernizar seu parque. Além disso, São Paulo continua ainda mais industrializado do que o restante do país: o setor responde por 21% da economia no Estado, enquanto, no total nacional, essa participação já está reduzida a 13%.

Mesmo com os dados positivos de janeiro, o coordenador da Fundação Seade destaca que a oscilação da economia continua muito errante e é ainda difícil fazer projeções. Em agosto, por exemplo, o PIB mensal do Estado já havia crescido em um nível parecido, com alta de 2% ante julho, mas em setembro reverteu a tendência e caiu 2,2%. Muitos economistas concordam também que vários dados posteriores a janeiro, como o de produção de automóveis, que caiu, já mostram que fevereiro não terá resultados tão bons quanto os do primeiro mês do ano. “Cada mês diz uma coisa. Com os incentivos dados pelo governo, como o da indústria automobilística (que teve IPI reduzido em maio do ano passado), há um salto em um momento, mas logo em seguida esfria. Foi o que aconteceu em agosto”, explicou Bessa.

Com o maior peso nas contas de São Paulo (cerca de 70% do PIB), o setor de serviços cresceu 2% ante dezembro e 2,7% sobre janeiro do ano passado. A agropecuária saltou 6,9% de um ano para o outro, e 2,4% ante dezembro, mas seu peso, pontua Bessa, não chega a 2% no produto do Estado.

Nos 12 meses encerrados em janeiro, o PIB paulista acumula uma alta de 1,6%, apontando para uma leve aceleração sobre dezembro: em 2012, o PIB de São Paulo cresceu 1,4%, chegando a R$ 1,4 trilhões.

 

Do Valor Econômico