Sindicalismo brasileiro inspira organização dos russos
Afirmação é do presidente do Sindicato Inter-Regional dos Trabalhadores no Setor Automotivo, Alexei Etmanov.
Pela segunda vez no Brasil, o presidente do Sindicato Inter-Regional dos Trabalhadores no Setor Automotivo na Rússia, Alexei Etmanov, disse que o poder em seu país está organizado contra os trabalhadores e de que forma ele conseguiu superar o sindicalismo pelego.
Como está hoje o sindicalismo na Rússia?
O movimento sindical
na Rússia está renascendo
e os responsáveis são os
brasileiros. Sempre tivemos
sindicatos pelegos, amarelos,
que faziam parte das
diretorias das empresas.
Quando estive a primeira
vez aqui no Brasil, em 2005,
era filiado a um sindicato
amarelo. Então, naquela viagem,
entendi o que era preciso
fazer para ser um sindicato.
Começamos a fazer formação
do pessoal e a preparar ações
coletivas e isso foi a semente
do nosso sindicato atual.
Quando começaram os
confrontos com as empresas,
o sindicato amarelo me
expulsou e os trabalhadores,
em assembléia, aprovaram a
desfiliação do sindicato velho e a criação do novo.
O Sindicato dos Trabalhadores
das Indústrias
Automobilísticas reúne 3
mil trabalhadores associados
em toda a Rússia, 1.200 na
Ford, mil na antiga Lada e as
outras montadoras com 200
trabalhadores em cada fábrica.
Antes, só havia 70 trabalhadores
sindicalizados.
Como é a relação desse novo tipo de sindicato com o Governo, com Putin?
Provavelmente vão me
prender quando eu voltar (risos).
O poder está organizado
contra os interesses dos trabalhadores.
Na greve do ano
passado entendemos que não
lutamos só contra a Ford, por
interesses econômicos, mas
também lutamos contra as
administrações públicas que
colocaram todo o peso do Estado
contra a mobilização dos
trabalhadores e usaram todos
os métodos de repressão.
A relação com as empresas é igualmente difícil?
Eles não suportam a
gente e a gente não suporta
eles também, mas há espaço
para negociação, pois se não
for assim nada avança. Isso
foi um processo evolutivo,
melhorou muito desde o começo
do sindicato. A empresa
sabe que a gente tem legitimidade
na fábrica e um bom
canal de comunicação com a
imprensa. Então não querem
ficar mal com a opinião pública,
tem medo de uma reflexão
negativa na marca.
Ainda há uma grande expansão empresarial na Rússia, o que elas buscam no País, esse sindicalismo pelego?
Não, as empresas vão
atrás do forte crescimento
do mercado interno, 60% de
crescimento das vendas por
ano e os recursos energéticos
na Rússia são muito mais
baratos que na Europa.
Os salários dos trabalhadores
na Rússia são muito
mais baratos que na Europa.
São dois indicadores importantes,
tem onde vender e
tem recursos baratos.