Sindicalistas convocam paralisação na Argentina contra morte de jovem
A Central de Trabalhadores da Argentina (CTA) e outras organizações sindicais realizam hoje uma paralisação nacional e uma manifestação até a Praça de Maio, em repúdio à morte de um jovem durante um confronto entre piqueteiros e ferroviários ocorrido ontem.
Os funcionários da empresa alimentícia Kraft bloquearam, às 6h30 locais (7h30 no horário de Brasília) de hoje, o quilômetro 35 da rodovia Panamericana. Em assembleia realizada ontem à noite, decidiu-se aderir à interrupção dos trabalhos promovida pela CTA.
Para o meio-dia estão previstos os cortes das vias de acesso à estação Avellaneda, onde, em 2002, foram assassinados Darío Santillán e Maximiliano Kosteki, e na qual foram iniciados os confrontos de ontem. A ação será promovida por operários terceirizados que atuam na linha de trem Roca e por grupos de esquerda, informou o jornal La Nación.
Trabalhadores da área de saúde e educação também vão aderir à paralisação, e os do setor de transporte decidirão sua posição em assembleia às 10h locais (11h no horário de Brasília). Nesta tarde, a direção nacional do Partido Operário (PO) levará ao governo federal uma delegação das entidades que farão uma marcha em direção à Casa Rosada.
A CTA, por sua vez, manifestou “seu mais enérgico repúdio e exige o imediato esclarecimento dos responsáveis diretos e políticos do crime”.
O jovem de 23 anos Mariano Ferreyra, militante de extrema esquerda do PO, acompanhava uma manifestação de ferroviários terceirizados que foram demitidos recentemente quando foi baleado no peito durante um enfrentamento com funcionários de trens.
O incidente, ocorrido no bairro de Barracas, em Buenos Aires, ocorreu após o grupo piqueteiro ser retirado dos trilhos que queriam arrancar da linha General Roca, na estação Avellaneda.
Fontes do partido de Ferreyra afirmam que os manifestantes foram atacados por membros do Sindicato União Ferroviária (UF), dos empregados ferroviários. Os trabalhadores da Kraft divulgaram em comunicado que “a burocracia sindical da União Ferroviária [UF]” seria “responsável direta pelo assassinato” do jovem, informou a agência oficial Télam.
Pedraza, secretário-geral da UF, declarou ontem à agência que “diante da tentativa de cortar os trilhos da linha Roca, os ferroviários defenderam suas fontes de trabalho”, e afirmou ao jornal Clarín que não tinha certeza de quem disparou.
Segundo ele, envolveram-se na briga “um grupo de piqueteiros identificados com o Partido Operário, o Movimento Socialista dos Trabalhadores [MST] e o Movimento Teresa Rodríguez [também de reivindicações trabalhistas]”.
O confronto também feriu Elsa Rodríguez, de 61 anos, que ficou em estado grave depois de ter sido baleada na cabeça, e Nelson Aguirre, de 30, que levou tiros na perna e no glúteo. Ambos são militante do PO.
Logo após o enfrentamento, a presidente argentina, Cristina Kirchner, condenou “energicamente” a morte do jovem militante. O chefe de Gabinete da presidência, Aníbal Fernández, rechaçou qualquer suspeita sobre a atuação do governo no caso, afirmando que a Polícia Federal teria evitado um primeiro confronto entre as partes na estação Avellaneda.
Da Ansa