Sindicalistas marcham pelas vítimas de acidentes e doenças do trabalho


Foto: Raquel Camargo / SMABC

Carregando balões pretos em sinal de luto, metalúrgicos do ABC e representantes de diversas categorias de trabalhadores marcharam nesta sexta-feira (27) no Quarteirão da Saúde até a sede da Previdência Social em Diadema, em memória às vítimas de acidentes e doenças do trabalho.

Antes do ato, eles participaram de um seminário sobre saúde mental e trabalho e seus impactos na vida do trabalhador.

“O excesso de trabalho, o aumento das exigências e das responsabilidades faz com que o trabalhador corra o risco de adquirir transtornos mentais desencadeados por uma nova organização do trabalho”, explicou a professora e doutora em psicologia pela USP, Renata Parparelli, uma das palestrantes.

“A meta da empresa é sempre aumentar a meta e essa responsabilidade é transferida para o trabalhador, que sem poder alcançá-la se sente incapaz, incompetente e entra em depressão”, exemplificou a professora.

Ela alertou para a necessidade de discutir todo esse processo com os trabalhadores e para o fato dos representantes também poderem desenvolver transtornos em decorrência do atendimento aos acidentados ou doentes e muitas vezes de suas famílias.

A psicóloga do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) de Diadema, Eliana Pintor, que também compôs a mesa, relatou vários casos de acidentes de trabalho que afetam a saúde mental do trabalhador e de suas famílias.

“Apesar dos trabalhadores sofrerem consequências desses processos, as doenças não estão relacionadas a estatísticas e não tem atendimento psicológico”, denunciou a psicóloga.

“Um caso bem emblemático é o de um garoto de 9 anos, que após seu pai ter morrido num acidente me disse que seu sonho era ter uma geladeira, tamanha era a situação de miséria em que a família se encontrava após a morte de seu provedor”, lembrou.

“O acidente de trabalho é uma violência para quem sofre e para toda a família. Temos que desenvolver uma cultura de paz”, afirmou Claudionor Vieira, diretor que representou o Sindicato no evento.

O procurador do INSS e doutor em direito previdenciário, Miguel Horvate e a gerente executiva do INSS de São Bernardo, Marina Reiko Iwa Suzuki, responderam a vários questionamentos dos representantes dos trabalhadores.

Miguel Horvate informou sobre a redução de tributos para empresas que diminuírem o número de acidentes de trabalho, com medidas efetivas de prevenção.

Já a gerente executiva do INSS afirmou que o processo de aperfeiçoamento das perícias médicas, tema bastante contestado durante o seminário, deve contar com a participação de todos os atores da sociedade e convidou os sindicatos a participarem de um encontro no próximo mês.

Da Redação