Sindicalistas questionam projeto de flexibilização de Marina

Na semana passada, sindicalistas filiados ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) de Marina Silva, questionaram declarações da candidata à Presidência da República sobre flexibilização de direitos dos trabalhadores.

Marina defendeu uma ‘atualização’ nas leis trabalhistas durante en­contro com empresários em São Paulo. A possibilidade de alterar a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) provocou a crítica de seus próprios apoia­dores e fez com que a candida­ta, mais uma vez, mudasse suas declarações.

Ela já havia recuado so­bre a política energética, quando afir­mou que a ex­ploração do pré­-sal poderia ser privatizada, e na questão de terceiriza­ção – quando disse que não foi bem entendida.

“Não é só a declaração da candidata que preocupa todos os representantes dos trabalhadores de diferentes centrais sindicais. Preocupa também o que está escrito no plano de governo dela”, destacou o presidente do Sindicato, Rafael Marques.

A preocupação chega até o coordenador sindical do PSB, Joíl­son Cardoso, que admite existir muitas “lacunas” no programa. Entre estas “lacunas” estão, por exemplo, as propostas de Marina sobre terceirização.

Na página 75, de seu plano de governo, ela afirma que “a terceirização de atividades leva à maior especialização produtiva, à maior divisão do trabalho e, con­sequentemente, à maior produtividade das empresas”.

O texto continua, “há no Brasil um viés contra a terceirização (…). A con­sequência: algumas atividades que po­deriam ser tercei­rizadas por em­presas acabam realizadas in­ternamente, em prejuízo da produti­vidade”.

Também a presiden­te da Força Sindical na Bahia, Nair Goulart, se pronunciou so­bre o plano de Marina. “Há ques­tões que não estão claras e preocupam enormemente os traba­lhadores”, disse.

Para Rafael, está preocupação não deve ser apenas dos sindicalistas, mas de todos os trabalhadores brasileiros. “Por estas razões, temos uma responsabilidade mui­to grande na hora de tomarmos uma decisão sobre quem estará à frente do País precisamos saber se vai nos ajudar a garantir e ampliar nossas conquistas ou não”, concluiu o presidente dos Metalúrgicos do ABC.

 Confira os temas em que Marina recuou

Pré-sal

Em encontro com usineiros no interior de São Paulo, afirmou que reduziria a importância da exploração do pré-sal para in­centivar a produção de etanol. Depois declarou que o pré-sal é importante.

Punição aos torturadores da ditadura militar

Em 2008, escreveu que tortura deveria ser crime hediondo. Agora, diz que é contra a revisão da Lei da Anistia, que impede os militares de serem responsabilizados por torturas.

Precarização do trabalho

O programa de governo da candidata defende uma ‘atualização’ nas leis trabalhistas, propondo a terceirização para ‘especialização produtiva’. O programa recebeu críticas das centrais sindicais, Marina então disse que não era bem isso, mas não alterou em nada seu programa e nem incluiu a garantia dos direitos dos trabalhadores.

Bolsa Família

Afirmou que vai reduzir a participação dos ban­cos públicos (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bndes) nos programas sociais. Questio­nada se isso teria impacto sobre o Bolsa Família, maior programa de transferência de renda do País, reformulou o discurso.

Da Redação