Sindicato afirma que é irresponsável decisão da Toyota de encerrar atividades em São Bernardo
Todos os trabalhadores estão convocados para assembleia amanhã, às 6h, na porta da fábrica para definir encaminhamentos
Os Metalúrgicos do ABC foram surpreendidos no início da tarde de hoje por integrantes da direção da Toyota, que comunicaram a decisão de encerramento das atividades da planta em São Bernardo, primeira fora do Japão. Logo em seguida, o Sindicato realizou assembleia na fábrica para dialogar com os companheiros e companheiras. Uma assembleia conjunta está marcada para hoje, às 6h, com todos os 580 trabalhadores.
“Fomos surpreendidos pela direção da Toyota com o anúncio da decisão de fechamento. Há muito tempo o Sindicato vinha cobrando investimentos na planta em São Bernardo”, lembrou o presidente do Sindicato, Moisés Selerges.
“O fechamento não prejudica só os trabalhadores na empresa, mas toda uma rede de fornecedores, milhares de empregos podem ser perdidos. Vivemos em uma conjuntura onde a política industrial é desprezada, tanto pelo governo do estado como pelo governo federal. Vamos iniciar um processo de luta e resistência”, completou.
Otimização pra quem?
O diretor administrativo do Sindicato, Wellington Messias Damasceno, que acompanha as discussões na Toyota, contou que a empresa alega otimização, que pretende concentrar a operação em um único lugar e que diz não estar fechando a planta, mas sim “transferindo as operações para Sorocaba”.
“Está fechando sim, com essa decisão a Toyota está desonrando um compromisso, está manchando sua história no Brasil e no mundo. Não está preocupada com os empregos, com as pessoas, com as famílias que construíram seus sonhos aqui na região”.
Decisão irresponsável
“O tempo todo a Toyota vinha insistindo que a empresa tinha futuro aqui, que não ia fechar, chegou a dizer que a planta de São Bernardo tinha produto para os próximos três anos, que era uma fábrica produtiva, competitiva e lucrativa. E o Sindicato, a todo momento, discutindo e pautando a questão do investimento. Agora a fábrica toma essa decisão de maneira irresponsável, ela não tem motivo para fazer isso, podia reorganizar a produção, trazer algum produto para cá, tinha outras alternativas que não fechar. Qualquer justificativa não é aceitável”, criticou Wellington.
O dirigente também criticou a postura do governo estadual, que chegou a diminuir a importância dos cinco mil empregos na montadora em São Paulo. “Tentamos o tempo todo emplacar discussões com o governo do estado, quando falamos da Toyota, eles menosprezaram a importância dos cinco mil empregos. Já o governo federal, promove inclusive disputa desleal entre outros estados e não tem política de indução, de crescimento da indústria”.
O diretor lembrou ainda que outras empresas da base também são motivo de preocupação do Sindicato, justamente pela falta de política industrial.