Sindicato alerta sobre o perigo de abrir mercado brasileiro à União Europeia

Com o aceno do governo brasileiro e do Mercosul de abrir o mercado automotivo à União Europeia, para fechar o acordo de livre-comércio entre os dois blocos, o país abrirá mão de um mercado importante como o automotivo.

Sem exigência de contrapartidas, o acordo favorece apenas o agronegócio brasileiro e a indústria europeia.

“O livre-comércio coloca em risco não só a indústria automotiva brasileira, mas toda a cadeia de serviços ligada ao setor”, afirmou o diretor executivo do Sindicato, responsável por Políticas Industriais, Wellington Messias Damasceno.

O imposto de importação atual, de 35%, será zerado se o acordo for concretizado. Mesmo sem o livre-comércio, o Brasil acumulou déficit no setor automotivo com os europeus de US$ 1,9 bilhão, em 2017.

A preocupação é o governo fazer o que fez ao assinar o acordo de livre-comércio com o México. “Sem discutir contrapartidas nem temas importantes como a quantidade de conteúdo local que existe no veículo (certificação de origem), o risco é de desindustrialização e desemprego no Brasil com uma nova enxurrada de veículos importados”, explicou.

“Dentro dos conceitos da Indústria 4.0, sem as tarifas de importação, a lógica das multinacionais será a de não mais produzir aqui. Isso porque a produção em grande escala reduzirá os custos de produção na matriz, garantindo empregos lá, com veículos chegando mais baratos do que se fossem produzidos aqui”, prosseguiu.

Desde Michel Temer, o Sindicato teve uma série de reuniões e insistiu na cobrança de uma posição do governo para evitar o desmonte da indústria nacional. “O acordo que querem fazer é trocar bens de baixo valor por bens de alto valor agregado, o que eliminará o desenvolvimento da indústria, da inteligência e da tecnologia no Brasil”, concluiu.