Sindicato apoia plebiscito para reforma política

Atendendo as manifestações em todo Brasil, a presidenta Dilma Rousseff enviou ao Congresso Nacional a proposta de um plebiscito sobre a reforma política, com cinco itens.

No próximo dia 11, os Metalúrgicos do ABC irão às ruas em ato conjunto da CUT e as demais centrais sindicais, que mobilizará trabalhadores em todo o País.

Dentre os temas que estão na pauta de reivindicações dos trabalhadores está o plebiscito sobre a reforma política.

A partir de hoje, o presidente do Sindicato, Rafael Marques, explicará na Tribuna por que é importante debater a reforma política e o que significa cada um dos pontos do plebiscito proposto por Dilma.


Tribuna Metalúrgica –
Por que o Sindicato defende um plebiscito e não um referendo para fazer a reforma política?

Rafael Marques – Porque em um plebiscito o povo é consultado antes da mudança e escolhe o que quer. Em um referendo o povo é consultado depois que a escolha está feita e apenas apoia ou não.

TM – Por que, então, fazer um plebiscito sobre a reforma política?

RM – A maioria dos deputados e senadores se beneficia do sistema atual e, infelizmente, por esse motivo não têm interesse em modificar a estrutura atual, que favorece a corrupção. O plebiscito dará a oportunidade de todos os brasileiros que estão aptos a votar exercerem a democracia direta, opinando sobre as principais questões da reforma.
 
TM – O que é a reforma política?

RM – É um conjunto de mudanças nas normas que regem a política brasileira, como a forma de custear os gastos de uma campanha eleitoral, por exemplo.

TM – Como assim?

RM – Quando qualquer candidato concorre em uma eleição existe um gasto com a confecção de panfletos, gravação de programas de televisão, deslocamento do candidato, pagamento da equipe etc. Tudo isso tem um custo.

TM – E quem paga?

RM – Atualmente, as candidaturas são financiadas por contribuições em dinheiro de pessoas físicas, que podem ser empresários, e até de empresas e bancos.

TM – Qual o problema?

RM – O grande problema deste tipo de financiamento é o atrelamento do candidato com o financiador após a eleição.

TM – Pode citar algum exemplo?

RM – Sim. O poder econômico apoia projetos que não são de interesse dos trabalhadores e sim de cartéis, como do cimento e do aço. Defende monopólios como nos portos, nas operadoras de telefonia. Defendem as altas taxas de juros cobradas pelos bancos. Está na contra mão do que de fato interessa a maioria da sociedade brasileira.

TM – Mas como financiar as campanhas eleitorais então?

RM – Esse é o ponto crucial deste item do plebiscito da reforma política. O financiamento público de campanha.

TM – Por quê?

RM – Porque o financiamento público é mais barato para a sociedade e não cria esses vínculos entre quem venceu a eleição e seus financiadores privados.

TM – Então se as campanhas forem financiadas com dinheiro público melhora o atual sistema político eleitoral?

RM – Sim, porque permite avançar no combate à corrupção, uma vez que dá mais capacidade da sociedade fiscalizar e controlar seus representantes quando o financiamento é público e o poder econômico privado está fora.

TM – E o sistema de financiamento misto, que é a terceira opção do plebiscito?

RM – Se o financiamento não for restrito, a distorção do atual sistema continua. Para realmente modificar e aperfeiçoar a democracia no Brasil, precisamos do financiamento público.

 

Da Redação