Sindicato chama trabalhadores na GL para luta após anúncio de fechamento pela fábrica

Decisão unilateral foi informada na última segunda-feira, dia 6. Metalúrgicos do ABC convocam trabalhadores amanhã, às 9h, na Regional Diadema

Foto: Adonis Guerra

Os Metalúrgicos do ABC repudiam de forma veemente a decisão unilateral da direção da GL Legrand, em Diadema, pelo encerramento das atividades da fábrica a partir de março.

Durante assembleia na manhã de ontem na portaria da empresa, os trabalhadores aprovaram disposição de luta para buscar um acordo digno aos 180 companheiros e companheiras. O Sindicato convoca todos amanhã, às 9h, na Regional Diadema, para orientações e encaminhamentos à mobilização.

Em comunicado na última segunda-feira, dia 6, a empresa disse que deliberou o fechamento da unidade de Diadema e a transferência de suas operações para Caxias do Sul (RS) e Manaus (AM) para redução de custos e readequação do posicionamento da empresa no setor.

O coordenador de área, Gilberto da Rocha, o Amendoim, rechaçou o motivo e disse que é inaceitável a fábrica não ter buscado solucionar o problema.

“Nós estamos às margens da Imigrantes, praticamente a 40 km do Porto de Santos, estamos ao lado do Rodoanel, ao lado da Via Anchieta. O local é estratégico. A GL já agia para dividir os trabalhadores como, por exemplo, pagando PLR [Participação de Lucros e Resultados] com porcentagens diferentes a cada companheiro, mas sempre estivemos atentos a partir da organização sindical na fábrica”, disse. 

“A Direção do Sindicato declara que, se nós tivermos disposição de luta, a saída da fábrica sairá mais cara para que todos os trabalhadores tenham o melhor acordo possível”, afirmou o dirigente. “Confiem neste Sindicato, que é a voz de cada um. Aqui não é simplesmente fechar as portas. Temos diversos pais e mães de família, a empresa não pode sair assim”.

Prejuízo

O coordenador da Regional Diadema, Antônio Claudiano da Silva, o Da Lua, avaliou que o fechamento de qualquer empresa, seja ela o tamanho que for, traz um enorme prejuízo à região, para a sociedade como um todo e, especialmente, aos trabalhadores diretamente afetados.

“Desde o ano passado, quando aconteceram demissões e o Sindicato fez a intervenção, estamos alertas. Em nenhum momento a fábrica se sentou na mesa de negociações para dizer ao Sindicato que iria fechar. O capital nunca se contenta em ganhar muito, eles querem ganhar tudo e a perda aqui na base será em cadeia”, falou o dirigente.

“A empresa quando decide isso não é em um mês, um ano antes, ela vem pensando há cinco anos, há dez anos, ela pensa de forma estratégica. E o que é possível fazer quando isso acontece? Lutar pelos direitos de todos. Não dá para esperar que a empresa chegue aos trabalhadores ou para o Sindicato e fale ‘olha, fiquem tranquilos, não se preocupem’, como se não estivesse acontecendo nada na vida de vocês. Como ficar tranquilo com a situação que a gente vive de desemprego no país?”, criticou Da Lua.

Demissões

Em novembro do ano passado, a GL demitiu o CSE Gilmar da Silva Costa, o Fubá, demonstrando prática antissindical, além de outros trabalhadores. E, ao mesmo tempo, contratou outros. Na ocasião, o Sindicato pautou a empresa para saber qual seria o futuro dela aqui, mas sem retorno efetivo.

Da Lua lembrou que quando começou a coordenar a área, em 2011, não tinha nenhuma decisão unilateral. “Nós discutimos muita coisa com a direção da GL, reestruturação da fábrica. Mas desde que entrou essa nova gestão, em 2020, a conduta é outra. Vamos à luta”.