Sindicato conquista espaço nas discussões do acordo Mercosul e União Europeia
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Com insistência e luta, os metalúrgicos conquistaram espaço nas discussões do acordo de livre comércio entre os países do Mercosul e da União Europeia. Dirigentes dos Metalúrgicos do ABC estiveram, no dia 27 de março, em reunião no Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, com o embaixador Ronaldo Costa, responsável brasileiro pelas negociações entre os blocos.
“Em um acordo que pode afetar os empregos e a indústria no Brasil, é importante que os trabalhadores estejam no processo de negociação e tenham condições de influenciar as decisões”, afirmou o diretor executivo dos Metalúrgicos do ABC, responsável por políticas industriais, Wellington Messias Damasceno.
“O embaixador garantiu que os trabalhadores poderão ter assento e acesso às informações do processo. Há sérias preocupações com o livre comércio, que pode favorecer a indústria europeia em detrimento da indústria nacional”, explicou.
Com o fim do regime automotivo, o Inovar-Auto, em dezembro de 2017, e com o Rota 2030 em impasse dentro do próprio governo Temer, já há uma grande chance de nova invasão de veículos importados.
“Aliado ao acordo de livre comércio que o governo quer assinar, a tendência da maioria das montadoras com matrizes na Europa é produzir apenas lá, enquanto o Brasil retorna ao período agrário, sem desenvolvimento da indústria, inteligência e tecnologia aqui”, alertou.
Na reunião com o embaixador, os dirigentes entregaram uma carta com o posicionamento dos trabalhadores assinada pela Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, a CNM-CUT, e o Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento, o TID-Brasil.
“Mesmo não reconhecendo a legitimidade desse governo que ascendeu por meio de um golpe, é necessário que os trabalhadores ocupem todos os espaços de poder possíveis”, disse o secretário de Relações Internacionais da CNM-CUT e CSE na Mercedes, Maicon Michel Vasconcelos da Silva.
“Temos que pontuar e mostrar as preocupações no processo para defender que os empregos de qualidade, que são gerados na indústria, estejam no Brasil”, continuou.
O dirigente explicou que o documento traduz as preocupações do macrossetor da indústria com a falta de participação dos trabalhadores no debate.
“O acordo bilateral mais se assemelha a uma negociação mercantil de caráter colonial, em que o Brasil e nossos países vizinhos oferecem seus produtos agrícolas e recursos naturais em troca de bens industrializados e serviços avançados produzidos na União Europeia”, ressalta a carta.
A negociação entre Mercosul e União Europeia teve início há quase 20 anos e ficou congelada praticamente durante todo esse período. No segundo semestre do ano passado, o governo intensificou as ações para tentar fechar o acordo. O imposto de importações atual, de 35%, será zerado se for concretizado.
Os Metalúrgicos do ABC buscam espaço nas negociações e têm feito o alerta sobre os retrocessos que a medida representa para a indústria nacional desde que o governo retomou o assunto. Na discussão sobre o Rota 2030, em setembro de 2017, com a participação de representantes do governo e empresários, Wellington alertou que o acordo representa retrocesso ao País.
Em novembro, o presidente da CNM-CUT e vice-presidente do Sindicato, Paulo Cayres, o Paulão, participou da discussão sobre o acordo de livre comércio na 64ª Plenária do Fórum Consultivo Econômico-Social do Mercosul, o FCES. Os representantes dos trabalhadores cobraram respeito aos direitos e protestaram contra a falta de transparência nas negociações.
Da Redação.